Abdo Filho
Pesquisa recente realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) junto aos operadores portuários apontou o complexo de Vitória como o segundo pior do Brasil, na frente apenas de Salvador. Na classificação feita pelo instituto, o terminal capixaba recebeu uma nota 6,5 e foi classificado como de péssima qualidade. Foram avaliados os terminais que ficam na Baía.
Nesse mesmo levantamento, o porto de Suape, em Pernambuco, recebeu o título de melhor porto público do Brasil. Com o intuito de saber o que os pernambucanos estão fazendo de diferente e de melhor, a comitiva de políticos e de autoridades capixabas dedicou seu último dia de viagem por polos logísticos brasileiros ao Complexo Industrial e Portuário de Suape.
Lá eles viram que se querem contar com um porto de qualidade será preciso investir em planejamento. Esse é o principal trunfo de Suape. “Planejamento estruturado e olho no futuro, essa é a diferença. Os executivos de Suape já tem um plano estratégico definido até 2030. Sem contar o fato de estarem alinhados aos interesses dos operadores. O cliente usa o porto, traz divisas, e o governo dá a infraestrutura necessária”, argumenta o diretor de Portos da Log-In, empresa especializada na movimentação de contêineres, Cláudio Loureiro.
Somente em 2008 e 2009, o Estado de Pernambuco, administrador de Suape, investiu R$ 1,3 bi na infraestrutura do complexo. O vice-presidente de Suape, Sidnei Aires, afirmou que o segredo está na gestão. “Apesar de público, imprimimos uma gestão privada. Aqui não perdemos tempo, cobramos prazos”.
Essa é a grande diferença entre Suape e o complexo portuário de Vitória. “Há quanto tempo que falam em dragar o canal de Vitória e a obra não sai? E a entrada de Capuaba, que já foi alvo de diversos protestos? A falta de planejamento e consequentemente de infraestrutura são os maiores problemas do complexo”, diz o diretor da Log-In.
Outro importante ponto observado pela comitiva foi o ritual de concessão de licenças adotado por Pernambuco em Suape. Para se ter uma ideia, a refinaria de Abreu e Lima, que será instalada na área industrial do complexo, obteve sua licença em 90 dias. “Aqui damos segurança jurídica. O investidor gosta disso. Suape já tem licença ambiental para todo o complexo, na hora em que investidor vai atrás de sua licença, o trâmite é mais rápido”, explicou Aires.
A nota dos portos
Suape (PE): 7,8
Itaguaí (RJ): 7,6
Rio Grande (RS): 7,5
Itajaí (SC): 7,3
São Francisco do Sul (SC): 7,2
Paranaguá (PR): 6,9
Rio de Janeiro (RJ): 6,8
Santos (SP): 6,5
Vitória (ES): 6,5
Salvador (BA): 5,4
O que é o Complexo Industrial e Portuário de Suape
Importância
É o mais completo polo para a localização de negócios industriais e portuários do Nordeste. Mais de 70 empresas já se instalaram ou estão em fase de implantação no Complexo Industrial. Nos próximos anos, investidores que se instalarão em Suape colocarão mais de US$ 16 bi no complexo e criarão 8,3 mil empregos. Só a Petrobras, por meio da refinaria de Abreu e Lima, investirá 13,3 bi.
Cargas
O porto movimentou 8,4 milhões de toneladas de carga em 2008. São 27 quilômetros quadrados de retroárea. O canal de acesso tem 5 mil metros de extensão, 300 metros de largura e 16,5 metros de profundidade.
Estrutura
Conta com um porto externo, porto interno, terminais de granéis líquidos, cais de múltiplos usos, além de um terminal de contêineres.
Porto externo
É formado por um molhe de proteção em “L”, com 2.950 metros de extensão. A profundidade do canal de acesso atinge 16,5 metros e a bacia de evolução tem 580 metros de diâmetro e 15,5 metros de profundidade. São três instalações de acostagem, totalizando 6 berços com quase 1,6 km de cais acostável. São dois terminais de granéis líquidos, um cais de múltiplos usos e uma tancagem flutuante de GLP.
Porto interno
Tem 15,5 metros de profundidade e um canal de navegação interno com 1.500 metros de extensão e 450 metros de largura. Conta com 935 metros de cais, em três berços. O quarto berço se encontra em construção, terá 330 m de extensão e 15,5 m de profundidade. Abrigará, em sua retaguarda, o futuro Terminal de Granéis Sólidos do Porto de Suape. O quinto berço também tem 330 m de extensão e atualmente se encontra em estudo de viabilidade. A área conta ainda com um pátio de veículos de 56.700 metros quadrados e capacidade de estocagem para 4.825 veículos.
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Fonte: A Gazeta ES