Obras do porto de Luís Correia estão em ritmo lento
O governo do estado promete concluir o porto de Luís Correia no segundo semestre de 2010. Pelo visto, a promessa deve ser apenas mais uma entre tantas que não se realizam há tanto tempo.
No dia 31 de dezembro, nas primeiras horas do dia, a reportagem do 180graus esteve por lá para ver de perto o andamento das obras. Em agosto de 2009, o governo federal mandou 3,6 milhões de reais para o governo do estado.
Na manhã de 31 de dezembro de 2009, quatro meses após o primeiro aporte de verbas, não se via nenhum avanço em relação ao estágio anterior.
No quebra-mar existe um guindaste e dois gigantescos tambores para armanezamento de combustíveis em estado de grande depreciação, vez que se encontram totalmente enferrujados e sem nenhuma serventia.
Bem perto dali, uma balsa de dezoito metros por dez está quase que inteiramente afundada nas águas da baía – enterrada na areia decorrente do assoreamento.
Alguns operários estavam no local e informaram que a obra encontra-se em andamento. Eles trabalhariam até o meio-dia daquela data.
O que se observa, com pesar, é que quatro meses depois do envio de recursos pelo governo federal os recursos não foram utilizados nem mesmo para a remoção de uma balsa velha que ali se encontra há mais de 20 anos, enferrujada e prejudicando a questão ambiental.
Tanto dinheiro para nada! Enfatize-se por necessário que a simples remoção de uma balsa não deve custar tanto em recursos financeiros e que isso já poderia ter sido feito nos últimos 120 dias -- mas a balsa lá permanece, como símbolo da falta de planejamento ou de ação, denotando que ainda devemos levar muito e muito tempo para fazermos jus ao nosso tão esperado porto.
PRIMEIRA ETAPA
Os recursos repassados em agosto fazem parte da primeira etapa de um convênio que se propõe em concluir obra iniciada em 1976, ainda no regime militar. A fase atual está orçada em 12 milhões de reais.
A obra foi paralisada em 1982 sem que se tivesse nenhuma expectativa de retomada até que em 1986 Alberto Silva ganhou a eleição para o governo.
Ele conseguiu a estadualização da obra, o que piorou ainda mais a situação, porque o governo do Piauí não tinha dinheiro para ação de tamanha envergadura.
O governador tentou repassar sua responsabilidade para a associação comercial de Parnaíba, que também não conseguiu dar continuidade devido ao grande volume de recursos necessários.
Em 1991, a apenas alguns dias de deixar a gestão do estado, Alberto Silva assinou um contrato de comodato com a empresa Inace – Indústria Naval do Ceará, que ao longo de 16 anos não fez absolutamente nada pela continuação da obra, embora tenha se comprometido em concluí-la e operá-la por um prazo de trinta anos.
NOVO MOMENTO
Em 2007, o governo Wellington Dias fez um distrato unilateral e assumiu o compromisso de concluir o porto com a garantia do presidente Lula de que enviaria os recursos necessários, cabendo ao estado uma contrapartida de dez por cento.
O secretário da época, Luciano Paes Landin, declarou que tratava-se de grande feito do atual governador porque o porto estava paralisado há quase três décadas.
O simples fato de anunciar sua retomada já era, no seu entendimento, um acontecimento de grande importância para todos os piauienses.
O Piauí perde tempo. E ao perder tempo também perde dinheiro. Grande parte do material está deteriorado. A perda financeira é incalculável.
Diz-se que já foram aplicados ali nada menos que 60 milhões de reais ao longo do tempo. Seriam necessários algo em torno de 300 milhões de reais para colocar um ponto final na sua execução.
RETROSPECTIVA DO EX-SECRETÁRIO
O ex-secretário de Transportes Luciano Paes Landim concedeu entrevista em janeiro de 2008 tratando sobre a liberação de recursos para continuidade das obras do porto de Luís Correia.
Na época, imaginava-se que seriam liberados, de imediato, 12 milhões de reais para que as obras fossem retomadas, no entanto, mais de um ano depois, o governo federal mandou apenas a terça parte do valor previsto inicialmente.
Na entrevista, Paes Landim criticou postura crítica do senador Heráclito Fortes. Ele disse que os parlamentares do estado deveriam se preocupar em carrear recursos para a obra ao invés de ficar trabalhando contra o Piauí
A responsabilidade agora é do advogado Alexandre Nogueira, que atendendo pedido do governador Wellington Dias assumiu a Secretaria de Transportes. Luciano Paes Landim foi removido do cargo sob acusação de uso da máquina em benefício próprio -- ele estaria planejando se candidatar a deputado estadual este ano.(fonte: 180graus
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