A Schneider Eletric, que produz componentes eletrônicos em nove fábricas no Brasil, precisava unificar suas operações de logística em apenas um centro de distribuição (CD). Como diz Tânia Cosentino, presidente da companhia, a centralização permite redução de custos operacionais, agilidade e ainda agrega valor, customizando os produtos aos clientes.
O problema era encontrar um galpão capaz de atender as necessidades da empresa. Um local de fácil acesso por rodovias e próximo a aeroportos, além de contar com boa infraestrutura, capaz de proporcionar as condições necessárias para a empresa estabelecer um CD moderno, seguro, energeticamente eficaz e ambientalmente responsável. Entre a decisão da mudança e a inauguração no novo CD, em Cajamar (SP), que ocorreu no fim de 2011, foram consumidos dois anos. "Só com mágica é possível encontrar um bom galpão hoje no Brasil", diz a executiva.
Mario Sergio Gurgueira, diretor da consultoria Cushman & Wakefield, confirma que, de fato, é deficitária a oferta no país de galpões classificados como classe A, que reúnem pelo menos um pé direito maior que 10 metros, um piso capaz de resistir a seis toneladas por m² e tenha 700 m² por doca, além de um bom pátio para manobras e estacionamento de caminhões, além de segurança. "Só recentemente o mercado passou a oferecer esses galpões no Brasil e, mesmo assim, a oferta ainda é concentrada no entorno de grandes cidades, como São Paulo, Rio, Curitiba e Recife." A boa notícia, diz o consultor, é que a maioria dos investimentos novos contempla armazéns com esse perfil.
Segundo dados da C&W, o estoque de áreas em galpões classe A é de 6,5 milhões de m² no Estado de São Paulo e de aproximadamente 3 milhões de m² no Rio e no Paraná. Desses, 60% são ocupados com CDs. Em 2011, foram entregues 13 mil m² no Rio e 27 mil m² no Paraná, para uma demanda calculada em 21 mil m² e 36 mil m², respectivamente. Em São Paulo foram entregues 321 mil m² novos em 2011, com uma absorção de 267 mil m² e a expectativa é que as entregas fiquem em 450 mil m² por ano em 2012 e 2013, garantindo equilíbrio entre oferta e demanda.
A carência de boas ofertas de armazéns despertou o interesse de investidores e incorporadores. A Cyrela Commercial Properties (CCP), por exemplo, tem uma parceria com a Prologis para atuar no desenvolvimento de condomínios logísticos. Entre empreendimentos entregues e em construção já são sete, todos no eixo Rio-São Paulo, entre eles Cajamar 1, onde se instalou a Schneider. No momento, as duas empresas estão desenvolvendo o centro New Cajamar, num terreno de 700 mil m².
Nick Kittredge, vice-presidente da Prologis, diz que a operação brasileira é peculiar entre os 21 países de atuação da companhia. "No exterior, levamos entre três e seis meses para locar um galpão depois de pronto. Aqui alugamos no início da construção." A expectativa de bons negócios fez as parceiras CCP e Prologis programarem investimentos de R$ 400 milhões anuais no Brasil entre 2012 e 2016, o que permitirá uma oferta de 200 a 250 mil m² novos por ano. Segundo Hilton Rejman, diretor de desenvolvimento da CCP, nos próximos 24 meses os investimentos serão concentrados no eixo Rio- São Paulo e depois poderão ser estendidos para outras regiões. "Estamos ouvindo os clientes, acompanhando os planos de crescimento deles e, se for o caso, vamos nos preparar para atender as demandas em outras localidades."
O reduzido estoque de galpões classe A pressiona os preços. Em 2012, os valores dos aluguéis em São Paulo cresceram de R$ 15,5 m² por mês para R$ 16,2. Mas os valores mais altos chegam a R$ 27,00. No Rio o valor médio mensal do m²é de R$ 16,6, mas nos melhores galpões chega a R$ 32,00. Gurgueira, da C&W, avalia que, além da carência de oferta de galpões, a baixa disponibilidade de terrenos para construir inflaciona os custos. Kittredge diz que o preço que a companhia pratica no Brasil, por volta de R$ 21,00 o m², é 30% superior aos de Los Angeles. Mas acredita que os valores devem cair nos próximos anos, com uma maior oferta de armazéns.
Fonte: Valor / Domingos Zaparolli
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