Os primeiros navios com alimentos vindos do Japão após o acidente na usina de Fukushima devem chegar ao Brasil no sábado (21). Governo descarta qualquer risco.
As medidas tomadas pelo governo, como o treinamento de fiscais dos portos, são insuficientes para receber cargas vindas do Japão após o acidente nuclear na usina de Fukushima, segundo opinião do presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e coordenador da comissão externa criada para averiguar o desembarque dessas mercadorias, deputado Roberto Santiago (PV-SP). A declaração foi feita em reunião ontem com o gerente-geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Paulo Biancardi Coury.
“Temos outros pontos que precisam ser resolvidos. A água de lastro trocada pelos navios é despejada a 10 km da nossa costa, trazendo não só novas espécies invasoras com risco ambiental, mas a possibilidade de radiação. Não há um mecanismo para medir a radiação dessa água antes de ser despejada”, disse Santiago.
O parlamentar também questionou a falta de infraestrutura dos portos brasileiros e a destinação do material radioativo que por ventura seja encontrado. “A comissão externa registrou a existência de apenas três medidores de radiação para os 14 terminais do Porto de Santos. Além disso, para onde mandaríamos a carga nuclear rejeitada no País?”, indagou.
Biancardi afirmou que, caso sejam constatados indícios de radioatividade, o Ministério da Agricultura e o Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) serão chamados para dar a destinação adequada a esses produtos. Ele acrescentou que portos e aeroportos receberão 16 aparelhos especiais para medir a radiação.
Ausência de risco
O representante da Anvisa, com base em dados da CNEN, descartou ainda qualquer perigo de recebimento de carga radioativa, sejam alimentos ou outros produtos. Ele informou que os primeiros navios vindos do Japão após o acidente de Fukushima devem chegar ao Brasil no próximo sábado (21). “Dentro das atribuições da Anvisa estamos tomando todos os cuidados prévios para evitarmos um problema. Além disso, oito países da União Europeia fazem testes desde a tragédia e não encontraram nenhum produto com níveis de radiação acima do que é considerado normal”, explicou.
Biancardi ressaltou que, das 14 províncias japonesas atingidas diretamente pelo acidente nuclear provocado no último mês de março por terremotos e tsunami, 12 estão liberadas pelo governo japonês. “Empresários japoneses estão comprando a própria produção para evitar qualquer problema eventual”, destacou.
Prazo
Desde o mês passado, a Anvisa determinou que os portos deverão ser informados sobre o conteúdo de cargas vindas do Japão com 72 horas de antecedência. O prazo anterior, de 24 horas, foi considerado insuficiente para providências e eventual operação logística especial na hipótese de o material ter algum risco radioativo.
Roberto Santigo, no entanto, defendeu que as viagens sejam avisadas com 15 dias de antecedência. "A Anvisa garante que está com a estrutura pronta para fazer a fiscalização em 72 horas, mas por que não exigir um prazo maior?", interrogou. O parlamentar reiterou que as relações entre Brasil e Japão, consideradas excelentes, só tendem a melhorar como a adoção de medidas preventivas específicas para o caso.
Fonte:Agência Câmara de Notícias/MO/Roberto Santiago
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