A 2ª Pesquisa sobre Equidade de Gênero no Setor Aquaviário, realizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em parceria com a Wista Brazil, revela que a presença feminina nos portos brasileiros ainda é restrita e teve crescimento discreto nos últimos anos. Em 2024, as mulheres representam 17,8% da força de trabalho no setor, aumento de apenas 0,5 ponto percentual em relação a 2022.
A ocupação de cargos de liderança por mulheres segue baixa: 15% em posições diretivas, 25% em gerência, 17% em conselhos de administração e apenas 8,4% nos Conselhos de Autoridade Portuária. Na área administrativa, elas compõem 40% dos quadros, enquanto nos postos operacionais a participação cai para 10%, refletindo ainda a resistência à inserção feminina em funções técnicas.
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Cristina Wadner, advogada especializada em Direito Marítimo há quase três décadas, afirma que o setor ainda carrega barreiras à equidade. Para ela, o perfil masculino ainda domina tanto nas lideranças quanto nas áreas operacionais, e é necessário ampliar a capacitação e fiscalização para garantir o acesso das mulheres a esses espaços. Wadner fundou um escritório composto exclusivamente por mulheres e, como diretora regional da Wista Brazil, busca aproximar jovens mulheres do setor, incentivando seu protagonismo.
Apesar de alguns avanços pontuais, a pesquisa aponta recuos importantes. A proporção de empresas com ao menos uma política de equidade de gênero caiu de 90,8% em 2022 para 52,5% em 2024. O percentual das que asseguram igualdade salarial caiu de 68,6% para 37,3%. Já as ações de combate ao assédio são adotadas por 76,9% das companhias, e 54,1% afirmam aplicar medidas para ampliar a diversidade.
O segmento de cabotagem de contêineres é o que mais se destaca em direção feminina, com 31,2% das posições de liderança ocupadas por mulheres e 26,1% do total de cargos. Ainda assim, os dados reforçam que a equidade de gênero segue como um desafio no setor aquaviário brasileiro.