No centro do Estado, meio do País, Campo Grande quer ocupar a mesma posição de destaque na atração de negócios. Para deixar de ser central só no mapa, a cidade vai abrir os portões para empresas de viés importador e exportador com o porto seco do Terminal Intermodal de Cargas, integrando ferrovia, rodovia, hidrovia e, se o novo aeroporto da Capital sair do atoleiro, aerovia. Desconfianças à parte, a previsão é colocá-lo para funcionar no fim deste ano. Vender e comprar do resto do mundo pode ficar rápido, mais fácil e 50% mais barato do que por meio dos outros portos.
As obras, orçadas entre R$ 28 milhões e R$ 30 milhões, dinheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), estão quase prontas em 61,8 hectares, na saída para Sidrolândia, entre a MS-060 e a BR-163. Trata-se basicamente de estacionamento para caminhões e estrutura de água, esgoto e eletricidade.
Agora, falta decidir quem vai administrá-lo e como isso será feito. A empresa terá, aliás, que fazer as obras que precisa para atender aos clientes. “O município não tem interesse em ser gestor de um condomínio industrial”, afirma o procurador-geral do município, Ernesto Borges Neto, um dos cabeças do projeto desde 2004, quando ele começou a ganhar corpo.
Para responder ao “como”, a prefeitura precisa de uma pesquisa minuciosa das aptidões da Capital. O levantamento é caro. “Já cobraram R$ 2 milhões da gente”, conta o procurador. Por isso, a consutoria que o fará será escolhida numa espécie de licitação, prestes a ser aberta, e paga pela empresa que vai administrar o local. “Não queremos que venha um ‘pirata’ qualquer para dirigir o porto”, avisa o assessor executivo do prefeito Nelsinho Trad (PMDB), Leonardo Barbirato Junior.
Está no forno o texto da Manifestação de Interesse, que será publicado “muito em breve”, prevê Borges Neto, no Diário Oficial da cidade. É uma espécie de convite aos interessados em fazer a pesquisa. O documento é revisado há meses, para evitar surpresas, e deve ter decisão até o final de agosto, espera Barbirato Júnior.
“Tem muita gente querendo o porto”, admite o procurador-geral. Ele ouviu propostas de todo o tipo de empresários e consultores sobre o modelo jurídico do terminal. Elas vão desde abrir o capital do empreendimento, lançando ações na bolsa de valores, a injetar dinheiro público em sociedade com a iniciativa privada.
A paranaense América Latina Logística (ALL), concessionária do transporte ferroviário no Estado, além de ter oficinas ao lado do terminal, também está de olho na sua gestão, segundo o assessor do prefeito, e deve participar do processo de escolha. Porém, a companhia não anda com muito cartaz. “Ela sofre pressão do Governo do Estado para aumentar o investimento, que é maior em outros estados”, analisa Barbirato Jr. A insatisfação pode resultar na perda da concessão. O assessor acredita que a maior demanda dos clientes, por conta do intermodal, faça a ALL abrir a mão em MS.
Fonte: Correio do Estado/CARLOS HENRIQUE BRAGA
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