O tempo de espera para a liberação de cargas na tríplice fronteira deve aumentar com mais um Dia de Desembaraço Zero que será deflagrado nesta quarta-feira (28) pelos auditores fiscais da Receita Federal em greve. Até a tarde desta terça-feira (27), mais de 920 caminhões aguardavam no Porto Seco de Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, a liberação para seguir viagem. Outros 650 caminhões com destino a países vizinhos esperam nas transportadoras e em postos de combustíveis da região para entrar no pátio.
Além de Foz do Iguaçu, o reforço na fiscalização e no controle das cargas que entram e saem do país pelas fronteiras secas do estado também vem sendo desencadeado no Porto Seco de Guaíra. Alvo da Semana Nacional do Desembaraço Zero, protesto promovido em todo o país pelos auditores em greve, a estação aduaneira contava no final de semana com mais de 100 caminhões parados. Mesmo com a retomada dos trabalhos, o volume de desembaraços de cargas nos últimos dois dias ainda não chegou ao normal.
De acordo com o auditor Flávio Bernardino de Carvalho, a operação-padrão não é o único fator que faz o tempo da viagem aumentar, mas pode ser considerada a que mais prejudica a circulação de cargas pela região. Em tempos normais, o caminhão em trânsito permanece no pátio de 12 a 24 horas. Com a greve, a espera em média triplica. Nesta época do ano, o maior movimento é de caminhões levando fertilizantes para o Paraguai e voltando para o Brasil carregado com milho e soja.
“O problema é que para entrar no pátio a gente tem levado uma semana ou mais, quando estamos com carga para exportação, que tem prioridade. Enquanto o caminhão não chega ao destino não tem como voltar, e o fluxo fica travado”, comentou o caminhoneiro Paulo José Bringler, que, depois de cinco dias, conseguiu entrar no pátio da estação aduaneira de Foz do Iguaçu. “Antes de junho, fazia de seis a oito viagens por mês entre Foz e Assunção. Hoje, se faço três, é muito.”
Para os transportadores, não só o escoamento da safra deste ano, mas a própria safra paraguaia de 2013 está ameaçada. “Com os caminhões parados, o fertilizante que deveria seguir do Brasil para o Paraguai não está saindo dos depósitos na velocidade que deveria. As lavouras têm seus prazos e, qualquer coisa que atrapalhe este ciclo natural, é prejuízo na certa”, apontou o vice-presidente da Associação de Transportadores Internacionais de Foz do Iguaçu, Paulo César de Melo.
Em greve desde o dia 18 de junho, os auditores fiscais reivindicam, entre outros, 30,19% de recomposição salarial. Até agora, a única proposta do governo foi de 15,8% de reajuste dividido em três anos. A maioria das categorias paralisadas aceitou o acordo e voltou ao trabalho, com exceção dos fiscais da RF, que exigem mais. “Vamos continuar pressionando até sermos ouvidos. E, amanhã (quarta-feira), Foz do Iguaçu terá mais um dia de Desembaraço Zero”, reforçou Carvalho.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)/Fabiula Wurmeister, da sucursal em Foz do Iguaçu
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