A Certus Port Automation, companhia holandesa de automação portuária, projeta um crescimento de dois dígitos neste ano e considera que um dos principais impulsos aos negócios virá do Brasil, onde instalou sua mais recente subsidiária.
Em entrevista exclusiva ao Valor, o presidente da Certus, Leander de Nooijer, disse que o Brasil está no momento certo para avançar em processos de automação. Sem ter como expandir-se fisicamente, os terminais portuários existentes precisam instalar sistemas em busca de saltos de produtividade na movimentação de cargas com a mesma estrutura física. "A automação vai trazer ganhos de eficiência não apenas ao terminal, mas também à infraestrutura terrestre dos portos, evitando a formação de filas", disse o executivo.
Entre os serviços da Certus, que tem sede em Roterdã, estão a automação completa de "gates" (portões de acesso de pessoas e veículos aos terminais), um dos maiores gargalos dos portos brasileiros; a automação de equipamentos que realizam a movimentação de contêineres nos pátios dos terminais; e o transporte interno desses contêineres até o costado. Uma das maiores novidades é a automação dos equipamentos de cais, os chamados portêineres, que fazem o embarque e o desembarque da carga no navio. Um dos mais recentes terminais automatizados pela Certus é o TTI Algeciras, na Espanha, que se tornou um exemplo em termos de adoção tecnológica.
A companhia foi criada em junho, após a fusão de duas gigantes do setor: a HTS e a Dalosy Industrial Systems (DIS), especializadas em OCR (Optical Character Recognition, reconhecimento de dados, na sigla em inglês), tecnologia de processamento de imagens, sistemas de integração e softwares de automação de equipamentos. Juntas, as empresas já desenvolveram e implantaram mais de 750 sistemas em mais de 50 terminais ao redor do mundo.
Com essa experiência acumulada, um dos principais objetivos da empresa no país é mostrar ao mercado que é possível fazer um trabalho de automatização, disse o vice-presidente da Certus Brasil, Maxwell Rodrigues. A maioria dos terminais que contam com sistemas de OCR em seus "gates" o fizeram para cumprir uma exigência legal da Receita Federal, de 2011, e não sob um plano de longo prazo, cujo objetivo seja o ganho contínuo de produtividade, disse o executivo. "O objetivo é desenvolver soluções sob medida para tornar o terminal mais produtivo e, consequentemente, mais competitivo."
A HTS, uma das companhias que deu origem à Certus, iniciou as operações no Brasil em 2011 na área de tecnologia para reconhecimento de dados. A HTS encerrou seu primeiro ano no país com faturamento de R$ 6 milhões. No ano passado, a receita local foi de R$ 26 milhões. A estimativa da Certus é fechar este ano com R$ 35 milhões.
O portfólio atual da Certus Brasil é de 11 clientes, incluindo alguns dos principais terminais do país, como o Ecoporto e a Libra, ambos em Santos, e a Super Terminais, em Manaus. Pelos cálculos da empresa, sua participação de mercado é de aproximadamente 10% dos negócios movimentados por esse tipo de tecnologia no país. A meta é chegar a 2016 com uma fatia de 55%, segundo Rodrigues.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | Para o Valor, de Roterdã (Holanda)
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