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Primeira fase a caminho

Tegram, no porto de Itaqui, entra em operação em junho, com capacidade inicial para cinco milhões de toneladas - O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no porto de Itaqui, em São Luís (MA), será inaugurado no início de junho. Idealizado para escoar competitivamente granéis sólidos vegetais, especialmente soja, milho em grãos e farelo de soja, terá capacidade, nessa primeira etapa, para cinco milhões de toneladas. Luiz Cláudio Ferreira dos Santos, diretor de Logística e Infraestrutura da CGG Trading, uma das empresas do consórcio que integra o Tegram, destaca que o terminal será uma opção para os grãos que hoje são escoados pelo porto de Santos (SP) e pelo porto de Paranaguá (SC).


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Atualmente, quase a metade da produção agrícola brasileira é plantada e colhida acima da área conhecida como Paralelo 16 Sul, que inclui parte do Mato Grosso, Goiás e a região chamada de Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e oeste da Bahia). “Mas cerca de 70% dessa carga são exportados por Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul (SC) e Vitória (ES). Isso acontece porque atualmente não existe opção viável no Norte e no Nordeste para atender a essas regiões produtoras. O Tegram vai ajudar a mudar o cenário e aliviar um pouco a movimentação em outros portos”, afirma.

Ele diz que atualmente, o porto de São Francisco do Sul, por exemplo, já está recebendo cargas em função dos problemas que existem em Paranaguá e Santos. “Mas, de forma geral, as zonas portuárias do Sul e Sudeste têm poucas chances de reação em curto prazo. Por isto, a saída da nossa safra pelo Norte trará benefícios a toda a cadeia produtora”, assegura. A proximidade com o Tegram é garantia de redução no valor do frete rodoviário, o que deve aumentar a competitividade de grãos brasileiros no mercado internacional. O diretor da CGG Trading, no entanto, não faz estimativas sobre quanto o frete deve cair.

Na segunda etapa das obras, quando o segundo berço de atracação for inaugurado e o terminal estiver plenamente operacional — o que deve acontecer em 2016 —, a previsão é que o terminal movimente 10 milhões de toneladas de grãos por ano, justamente da região do Mapitoba, do Pará, Mato Grosso e Goiás. “São locais procurando alternativas para escoar a produção”, ressalta.

O executivo acredita também que o sul do Tocantins, uma parte do Piauí e o nordeste do Mato Grosso poderão aumentar a área de plantio por conta da entrada de operação do Tegram. “Estas regiões não se desenvolviam ou aumentavam suas áreas plantadas justamente pela falta de infraestrutura portuária. Portanto, em função disso, esperamos alcançar em breve os volumes estimados pelo edital”, diz.

O projeto consiste na construção de um terminal para exportação de granéis sólidos vegetais em uma área total de 161.308 metros quadrados, composto de quatro armazéns com capacidade estática para 125 mil toneladas de grãos cada e infraestrutura completa, interligada à ferrovia Norte-Sul, para recebimento de vagões e caminhões, além de dois berços (100 e 103) para carregamento de navios com calado de 15 metros e capacidade de 2,5 mil toneladas por hora cada. Os armazéns serão operados individualmente, mas as empresas se unirão para operar a infraestrutura de uso comum de recebimento e expedição de cargas.

— Todo o empreendimento terá mais de cinco mil metros de esteiras. Também estamos instalando controles modernos dos equipamentos e de alta performance, o que deverá garantir eficiência e segurança, tanto na recepção, rodoviária e ferroviária como na expedição em navios — conta o diretor da CGG Trading.

O terminal foi objeto de concorrência pública organizada em 2011 pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), gestora do porto de Itaqui, na qual foram selecionadas quatro empresas privadas — CGG Trading, Novaagri Infraestrutura de Armazenagem e Escoamento Agrícola, Glencore Serviços e Comércio de Produtos Agrícolas e Ammagi & LD Commodities Terminais Portuários — para arrendamento das áreas, realização de investimentos para construção de cada um dos quatro armazéns e exploração da infraestrutura por 25 anos, renováveis por igual período.

Existem planos de, futuramente, dar início a uma terceira fase do projeto, com a construção de um terceiro berço de atracação. A obra elevaria a capacidade de movimentação de carga do Tegram para 15 milhões de toneladas. “Esses números de movimentação são conservadores. Tudo vai depender da produtividade do terminal. No porto de Santos, por exemplo, tem berço de atracação com capacidade de movimentação de cinco milhões de toneladas, mas chegando a movimentar até sete milhões de toneladas”, aponta Ferreira dos Santos.

O diretor de Logística e Infraestrutura da CGG Trading acredita que as instalações novas do Tegram poderão contribuir com esse ganho de produtividade. “Se tivermos um berço dedicado à operação de grãos podemos chegar a 13 milhões de toneladas com a estrutura do terminal.”

O projeto do Tegram existe desde 2003. Ele chegou a ser alvo de algumas concorrências públicas, mas todas foram impugnadas por problemas ambientais e outros detectados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “A ideia de construir um terminal para escoamento de grãos no porto do Itaqui é, de fato, antiga em razão de alguns fatores como o crescimento do cultivo de soja no Maranhão, a interligação com a ferrovia Norte-Sul, proximidade dos mercados Europeu e Americano e a profundidade do calado, que permite operacionalizar navios de grande porte”, explica o presidente da Emap, Luiz Carlos Fossati.

Ao todo, estão sendo investidos na obra R$ 650 milhões, incluindo o valor da construção, a mão de obra e as outorgas pagas à autoridade portuária. O terminal não será de uso exclusivo das quatro empresas que integram o pool vencedor da concorrência de 2011. Mas os produtos delas terão preferência na atracação. O carregamento de soja e milho terá prioridade sobre uma embarcação com fertilizante ou trigo, por exemplo.

Cada empresa do consórcio terá a própria política de comercialização de mercadorias e estratégia de negócios e receberá os produtos individualmente. O terminal poderá receber para prestar serviços ou comercializar grãos de terceiros, até mesmo porque, como lembra o diretor, o porto nasce com uma capacidade muito grande superior ao volume hoje movimentado. “Portanto, teremos sobra de capacidade nestes primeiros anos”, comenta.

Ele conta, inclusive, que algumas empresas já demonstraram interesse em movimentar carga pelo Tegram. “Ter um terminal com capacidade de escoar 10 milhões de toneladas de produção é quase uma minirrevolução do agronegócio no Norte do Brasil”, diz Ferreira dos Santos.

O projeto prevê que o Tegram terá uma moega rodoviária, com capacidade para descarga de duas carretas simultaneamente. Já a moega ferroviária terá capacidade de até oito vagões simultâneos. Inicialmente, o terminal utilizará exclusivamente a recepção rodoviária, na qual cada um dos quatro armazéns terá capacidade de receber 750 toneladas por hora.

O Tegram pretende construir um pátio de caminhões a 20 quilômetros de distância do porto de Itaqui. O objetivo é ter um mínimo de organização no acesso ao porto e assim evitar o caos que hoje enfrentam a grande maioria dos portos brasileiros. O projeto prevê também a utilização de um ramal ferroviário que deverá ficar pronto em 2015 e ter capacidade de receber até três mil toneladas por hora em cada fase, contribuindo para um ganho importante de produtividade.

A gerente de Novos Negócios da Emap, Luciana Kuzolitz, ressalta a conectividade do porto de Itaqui. Ele esterá interligado à futura Transnordestina (TLSA) e à Estrada de Ferro Carajás, que conecta hoje Açailândia (TO) com a Ferrovia Norte-Sul. “Queremos movimentar pela ferrovia cerca de 80% do volume a ser recebido. Toda a logística será realizada através da ferrovia Norte-Sul, que deverá chegar a Anápolis (GO) ainda este ano”, acredita Ferreira dos Santos.

A função do modal ferroviário será basicamente escoar a produção agrícola. Isso porque as ferrovias locais não estão preparadas para levar produtos, como fertilizantes, do porto até as regiões produtoras.

Segundo Luiz Carlos Fossati, presidente da Emap, os investimentos no porto de Itaqui até 2016 somam cerca de R$ 3 bilhões, direcionados à construção de novos berços, como o 99, e de outro terminal, o de Fertilizantes. Para este ano, além da conclusão da primeira fase do Tegram, está prevista a entrega do berço 108, que elevará a movimentação de graneis líquidos. “Caminhar pelo Itaqui é caminhar por um canteiro de obras. A expansão da estrutura demonstra o comprometimento com o crescimento e desenvolvimento do porto e do Estado”, aponta Fossati.

O porto de Itaqui fechou 2013 com um volume operacional significativo de 15,3 milhões de toneladas de produtos. Foram alcançados recordes históricos com a movimentação quantitativa para a soja, o fertilizante, o carvão, o etanol, o cobre e o clinquer. Para 2014, a estimativa é que sejam movimentadas cerca de 17 milhões de toneladas de cargas.

A expectativa da Emap é que a movimentação de contêineres duplique este ano, alcançando os 20 mil TEUs com a importação de produtos químicos e materiais de construção, além também da exportação de couro manganês, algodão e milho. No plano de novos negócios da Emap, foram fechadas negociações importantes, como a exportação por Itaqui de celulose, fabricada pela Suzano em Imperatriz. Serão cerca de 1,5 milhão de toneladas desse produto anualmente exportadas para os mercados europeu e norte-americano. De acordo com a Empresa Maranhense de Administração Portuária, os grandes desafios do porto de Itaqui são as obras de ampliação da infraestrutura portuária, que aumentará a capacidade operacional local.






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