A gestora americana EIG Global Energy Partners teve um papel decisivo, nos últimos seis meses, para a sobrevivência e para o futuro da antiga LLX, agora chamada de Prumo Logística Global. "Salvamos a companhia junto com os credores", disse ao Valor Kevin Lowder, vice-presidente da EIG. A instituição tornou-se a nova controladora da Prumo, com 52,8% das ações, depois de concluída a operação de aumento de capital que injetou R$ 1,3 bilhão no caixa da companhia. Deste total, a EIG aportou R$ 1,12 bilhão ou 87% do total. Os restantes 13% corresponderam à participação de minoritários.
O foco da Prumo, sob o comando da EIG, volta-se agora para a conclusão de obras de infraestrutura em andamento no porto do Açu, no norte do Estado do Rio, principal ativo da companhia. As obras incluem o término da dragagem do canal e do cais do Terminal 2, voltado para empresas da indústria de petróleo e gás. Também está prevista a conclusão do quebra-mar do Terminal 1, que será especializado em minério de ferro e movimentação de petróleo. Haverá ainda a conexão de uma subestação de energia elétrica do porto ao sistema interligado nacional.
As obras são importantes para entregar a infraestrutura que falta aos oito clientes da Prumo que já têm contratos de longo prazo no Açu. E também para novos clientes que a empresa espera atrair para o porto, uma vez que a entrada da EIG no capital resolveu o problema de desenvolvimento da Prumo. A curto prazo, o Açu deve ganhar ainda mais espaço como um porto para atendimento da indústria de petróleo e gás. A EIG vê o Açu como uma oportunidade de participar do desenvolvimento do pré-sal.
Lowder disse que há oportunidades de valor a serem capturadas a curto prazo. "Acredito que o pré-sal é um das três maiores mudanças de jogo na indústria de petróleo e gás em termos globais." As outras duas são a exploração do gás não convencional ("shale gas") e o mercado internacional de Gás Natural Liquefeito (GNL), afirmou.
Ele não citou o montante de investimentos previstos para o porto em 2014 pois os números estão sob revisão. Mas resumiu em uma palavra como a Prumo vai utilizar os recursos da capitalização: "Sabiamente." O aumento de capital foi a última etapa de um processo complexo que começou em julho deste ano, quando houve o primeiro contato entre o empresário Eike Batista, antigo controlador da LLX, e a EIG, gestora com sede em Washington DC, nos Estados Unidos, que já investiu mais de US$ 15 bilhões em mais de 280 ativos de energia e infraestrutura em mais de 33 países. Foi um espaço curto de tempo para "limpar" e deixar a Prumo "livre", disse Lowder.
"Tínhamos uma janela limitada para fazer as auditorias e fechar a negociação com o antigo controlador." Nesse período, foram realizadas auditorias, avaliações, garantidas as aprovações regulatórias e discutidos acordos com Batista e com os credores (Bradesco, Santander, Caixa e BNDES), que deram sinal verde à operação. Enquanto o processo de mudança no controle da LLX avançava, as ex-empresas-irmãs OGX e OSX, de Batista, entraram em recuperação judicial. Nesse contexto, foi um desafio para a EIG, presente no Brasil desde meados dos anos 1990 e que em 2012 abriu escritório no Rio, concluir a operação no prazo previsto.
No país, a EIG tem portfólio de cerca de US$ 1,3 bilhão que inclui ativos sob administração de fundos da instituição. Esses ativos incluem participações nas empresas Sete Brasil, Manabi e Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), além da Prumo. A compra da Prumo foi o primeiro investimento do EIG Energy Fund XVI, fundo que tem US$ 6 bilhões sob gestão. Esse fundo tem capacidade, portanto, de fazer novos investimentos em energia e infraestrutura, os focos da EIG, no Brasil e em outros países, disse Lowder.
A EIG considera fazer novos investimentos em energia e infraestrutura no país. "A EIG está aberta para negócios no Brasil." A companhia costuma selecionar os ativos nos quais investe depois de análise criteriosa e permanece no projeto com horizonte de seis ou sete anos. O prazo de permanência, porém, pode ser maior se o ativo garantir geração de caixa para pagamento de dividendos. Eventuais vendas atendem a oportunidades de mercado e podem incluir desinvestimentos parciais em projetos.
No começo deste mês, o conselho de administração da Prumo aprovou o aumento de capital da companhia. No fim, Batista foi diluído de 52,8% para 20,9%; o fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, que tinha 18%, viu sua fatia cair para 7%. Os minoritários saíram de 29% para 19,3% do capital da empresa. Lowder considerou a capitalização bem-sucedida. O objetivo da operação foi injetar liquidez de forma imediata. Sem a capitalização, as obras no Açu seriam paralisadas. Antes da operação, a empresa passou por um "estresse" financeiro e teve que segurar o caixa para não parar as obras. Em setembro, o caixa da Prumo era de R$ 99,3 milhões.
O apoio dos credores, incluindo os bancos, foi fundamental para que a EIG pudesse fazer o aporte de recursos na companhia. Bradesco e Santander, por exemplo, aprovaram financiamento novo para a Prumo, no valor de R$ 900 milhões, dinheiro que ainda não foi sacado. O Bradesco também estendeu linhas de financiamento no montante total de R$ 813 milhões por prazo de três anos. O BNDES, por sua vez, renovou um empréstimo-ponte de R$ 518 milhões com a LLX por período de três anos. A Prumo já entrou com uma consulta no BNDES para ter acesso a um financiamento de longo prazo do banco. Em 2012, a Caixa subscreveu R$ 750 milhões em debêntures não conversíveis da empresa.
Fonte: Valor Econômico/ Francisco Góes | Do Rio
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