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Quip monta estrutura para qualificar soldadores para a indústria naval em Rio Grande

A falta de mão-de-obra qualificada para a indústria naval em Rio Grande, principalmente de soldadores, e a proposta de aproveitar trabalhadores do Município nas obras de construção de plataformas de petróleo, levaram a Quip S/A a montar uma escolinha de solda.

Em funcionamento na oficina que a empresa utiliza no Estaleiro Rio Grande, a escolinha prepara mão-de-obra para realizar os processos de solda de que ela necessita. Para tanto, a Quip chegou a criar um equipamento que é um simulador de habilidades em solda controlado por computador, que mede a curva de habilidade do trabalhador.

O projeto da escolinha começou a ser colocado em prática em setembro de 2010 e já qualificou soldadores em três ciclos. No primeiro, formaram-se 15 trabalhadores-alunos em 90 dias. Do primeiro para o segundo, foi obtida uma boa evolução - foram capacitados também 15 trabalhadores em menos de 90 dias.

O bom resultado deveu-se principalmente ao simulador, que entrou em funcionamento na metade do primeiro ciclo. Conforme Mauri Finholdt, gestor de construção e montagem da Quip na P-55, esse equipamento mostra se a pessoa tem ou não aptidão para o serviço.

No terceiro ciclo, mais sete funcionários foram formados. "Precisávamos de sete soldadores com urgência. Fizemos um curso intensivo, colocando um instrutor para cada soldador. Seis deles ficaram qualificados em 45 dias e o sétimo em 60", relatou. Um quarto ciclo vem sendo organizado. Neste, serão capacitados trabalhadores que atuam como ajudantes e que a empresa já percebeu que têm habilidade para solda.

Segundo levantamento feito pela empresa, até o final de fevereiro 204 soldadores atuavam na construção da P-55, dos quais 134 do Rio Grande, 24 de outros municípios do Estado e 46 de outros estados.

E a empresa está contratando mais 60, sendo que parte está em preparação no Senai. Alguns serão trazidos de fora por terceirizadas, mas "o objetivo não é esse e sim o aproveitamento de mão-de-obra local", segundo Mauri. Na montagem da plataforma são utilizados processos de soldagem Eletrodo Revestido, Arame tubular e TIG.

Norberto Pires da Silva, engenheiro mecânico empresarial formado pela Furg, responsável pela escolinha de solda e pela soldagem das estruturas metálicas na P-55, observa que na escolinha da Quip os ministrantes dos cursos são da área naval, atuam na empresa, e conseguem preparar o soldador para o trabalho que é necessário nas obras de construção de plataformas. Eles se qualificam fazendo soldagem específica para esta área. Os alunos têm aulas teóricas e práticas, sendo que para estas últimas há 15 cabines de solda disponíveis. "Cada trabalhador tem uma cabine para treinar", observou Finholdt.

Oportunidades

A rio-grandina Simone Pires, 33 anos, foi uma das contempladas do terceiro ciclo. Antes de ir para a Quip, ela trabalhava como soldadora eletrodo, mas não tinha qualificação para atuar na área naval, "em que o salário é melhor".

Apesar de ter feito curso do Prominp, ao ingressar na Quip, em fevereiro deste ano, precisava se especializar e ingressou no treinamento para soldagem com Arame Tubular. Conforme ela, foi a oportunidade de dar seguimento ao aprendizado e "o início de todo o futuro que espera na área".

A escolinha também foi a oportunidade para o rio-grandino Leandro Goulart, 31 anos, obter a capacitação necessária para assegurar vaga nas obras de construção da P-55. Ele contou que era pintor industrial e trabalhava no Hospital Universitário (HU) da Furg. Porém, sempre gostou de mecânica e solda. Saiu do trabalho no HU e procurou fazer curso em uma escola privada. No entanto, conseguiu se qualificar realmente ao entrar na escolinha da Quip. "Lá (no curso particular) havia duas máquinas para os alunos treinarem. Aqui, é uma por aluno e ficamos três meses soldando", destacou.

Ele foi contemplado no terceiro ciclo. Casado, com um filho de cinco anos, Goulart disse estar contente, pois está qualificado, podendo progredir no novo caminho. Maria Cristiani dos Santos Costa, 29 anos, também do Rio Grande, trabalhava como balconista, se sentiu atraída pelo trabalho na área naval, "que é promissora", e pelo serviço de solda. Fez um curso de soldagem Eletrodo e buscou uma vaga na Quip. Precisava aprimorar seu conhecimento no serviço e foi encaminhada à escolinha de solda, onde "a preparação é mais direta".

Nela disse ter aprendido a regulagem da máquina, o tipo de material utilizado e de solda a ser feito. "Aprendi a conhecer a solda". Contratada em fevereiro deste ano, ela já está na frente de trabalho da retroárea do dique seco, onde são complementadas estruturas para a P-55, e quer passar a atuar na montagem da plataforma dentro do dique. "Fiquei contente por a empresa ter acreditado em minha capacidade e me dado essa oportunidade", frisou.

Fonte: Jornal Agora (RS)/Carmem Ziebell






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