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Raio-x da infraestrutura

Em estudo com 111 empresas, 35,8% acham portos muito ruins, 45% ruins e 18,3 regulares >> Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC) com 111 empresas, cujo faturamento corresponde a 17% do PIB brasileiro, aponta o combate à corrupção e a redução da burocracia como os itens mais relevantes para o cumprimento das obras e melhoria da infraestrutura brasileira.


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No estudo “Custos Logísticos no Brasil 2014”, desenvolvido pelo Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da FDC, as empresas consideraram a infraestrutura portuária, ferroviária e rodoviária precárias, e sugeriram o aumento da participação privada nesses setores. Dentre as entrevistadas, 35,8% acham a infraestrutura portuária muito ruim, 45% ruim e 18,3% regular, contra somente 0,9% bom. Nenhuma empresa classificou a infraestrutura dos portos como muito boa.

As empresas consideram o nível de serviço a maior vantagem do setor privado em relação ao setor público. A ampliação e qualificação das malhas rodoviária e ferroviária são apontadas como prioridades no investimento público para infraestrutura. O estudo alerta para a busca dessas empresas em combater os elevados custos logísticos de transporte de matéria-prima por meio de estratégias internas, como redução do número de entregas rápidas e a terceirização da frota e serviços logísticos para outros operadores.

As entrevistadas consideram que a infraestrutura precária é o principal determinante do aumento de custos logísticos. Essas empresas trabalham com operações FOB (Free on Board). Em termos de eficiência logística, essas empresas não transferem as responsabilidades e custos logísticos para clientes. “A pesquisa demonstra o descrédito do empresariado brasileiro com a capacidade do setor público na gestão da infraestrutura do país. Por isso, atribuem à corrupção e a burocracia os dois principais entraves para o seu desenvolvimento”, diz a pesquisa.

O estudo da Fundação Dom Cabral tem como autores Paulo Tarso Vilela de Resende e Paulo Renato de Sousa. O trabalho teve como objetivo avaliar os custos logísticos para as empresas que operam no país. Do total, 67% das empresas questionadas possuem suas matrizes no Sudeste, 25% no Sul, 4% no Nordeste, 3% no Centro-Oeste e 1% no Norte. A maioria dessas empresas é da indústria automobilística (23%) e bens de consumo (19%), seguidas por agronegócio (13%), indústria da construção (8%), têxtil e calçado (8%), química e petroquímica (7%), bens de capital (7%) e siderurgia e metalurgia (4%).

A infraestrutura das regiões Norte e Nordeste obteve baixo nível de satisfação por 90% e 80%, respectivamente, das empresas respondentes. A região Nordeste apresenta vários gargalos para as atividades empresariais, com destaque para a carência de profissionais e a falta de integração modal. A região Norte apresenta grandes entraves logísticos à atividade empresarial, sendo menos expressivo apenas o valor dos imóveis. O Centro-Oeste também apresenta diversos entraves à atividade empresarial, sendo menos expressivos o valor dos imóveis e as questões ambientais. No Sudeste, o valor dos imóveis e a falta de integração modal têm sido gargalos para as atividades empresariais.

A pesquisa constatou que o modal rodoviário é expressivamente predominante nas empresas, representando 81,7% dos transportes, contra 14,6% de ferrovia, 5,6% hidrovia, 5,5% cabotagem e 5,5% aeroviário. A amostra nos indica que as empresas demandam uma maior utilização do modal ferroviário, visando reduzir os custos logísticos.

Dentre os entrevistados, 53,6% concordam totalmente que a maior oferta de serviços ferroviários permitirá a adoção do modal ferroviário com maior frequência e 54,5% concordam totalmente que essa adoção permitirá a redução do custo de transporte. “A precariedade da malha ferroviária do país foi insistentemente apontada como um grande gargalo para o desenvolvimento do país. Não obstante, quando o assunto é competitividade, volta à tona a questão da infraestrutura”, resume o estudo.

De acordo com a pesquisa, a indústria de papel e celulose apresenta o maior percentual do custo logístico na receita, com aproximadamente 28%. Em contrapartida, as indústrias farmacêutica e têxtil, cujos valores alcançaram uma média menor que 7%, foram as que apresentaram os menores custos logísticos. A média geral do percentual de custos logísticos foi avaliada em 11,19%.

Os principais fatores de impacto no preço final apontados nessa pesquisa são: energia, armazenagem e transporte. O transporte de longa distância é, com 44%, o fator mais representativo na estrutura dos custos logísticos das empresas, seguido por armazenagem (19,06%), distribuição urbana (17,79%), administrativo (9,54%) e custos portuários (8,79%). Demais fatores somam 11,54%.

As empresas apontam a incidência de forte aumento de custos com burocracia, mão de obra especializada e distribuição nas regiões metropolitanas. De acordo com a pesquisa, 33,6% delas perceberam aumento muito forte nos custos com burocracia, 40% grande aumento e 21,8% aumento moderado. Em relação aos custos de distribuição nas regiões metropolitanas, 22,5% perceberam aumento muito forte, 33,3% grande aumento e 17,1% aumento moderado.

Já os custos com mão de obra especializada foram relatados por 36,4% como aumento muito forte, 42,7% consideraram grande aumento e 16,4% aumento moderado. A formação de mão-de-obra se mostrou expressiva no aumento extra dos custos logísticos. Segundo o estudo, 24,8% das empresas perceberam impacto muito alto, 37,6% alto impacto e 38,2% impacto moderado.

O estudo aponta necessidade de melhorias no transporte rodoviário e a expansão da malha ferroviária para redução do custo logístico nas empresas. A pesquisa concluiu ainda que as empresas não demonstraram uma posição clara a respeito dos impactos positivos da privatização das estradas. As respostas demonstram que a terceirização dos serviços logísticos tem sido uma tendência para a redução dos custos. Para 39,1%, terceirizar a frota e os serviços logísticos para outros operadores têm muitas chances de reduzir o custo logístico.

As respostas indicam que a infraestrutura, os impostos e a corrupção são os principais gargalos para a competitividade no país. As empresas consideram a inserção da iniciativa privada extremamente importante em todos os setores indicados. Elas avaliam bem a eficiência e a participação real do setor privado nos itens listados. No caso específico da participação privada na administração portuária, 30,3% a consideram muito significativa, 22,9% parcialmente significativa, 19,3% significativa, 19,3% pouco significativa e 8,3% não significativa. “As empresas demonstraram claramente sua posição favorável em relação à maior participação do setor privado na provisão de bens e serviços atualmente vinculados ao setor público”, aponta o trabalho.

A maioria das empresas entrevistadas acredita que uma maior eficiência logística permitirá a utilização da multimodalidade, a formação de preços mais competitivos ao consumidor final, a oferta de produtos e serviços a preços menores e ganhos em toda a cadeia de suprimentos da empresa, aumentando a eficiência na transmissão de dados e reduzindo o custo com energia.

A eficiência logística, esperam essas empresas, também permitirá maior mobilidade urbana, a redução dos custos do transporte de suprimentos e dos custos de estoque, a viabilização de novos centros de distribuição e de uma unidade de negócios adicional, além da redução de custos de armazenagem e com deslocamentos de funcionários, permitindo maior velocidade na entrega de produtos.






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