Memorandos serão assinados com COOEC, CSSC, Cosco e CIMC, em fórum no Rio de Janeiro. No evento, paralelo ao Encontro dos BRICS, Petrobras e Transpetro apresentarão demandas por novas embarcações e plataformas
Quatro estaleiros nacionais — EBR (RS), Rio Grande (RS), Mauá (RJ) e Enseada (BA) — firmam, neste sábado (5), com alguns dos principais estaleiros chineses — COOEC, CSSC, Cosco e CIMC. Os memorandos de entendimento entre as empresas, que têm como objetivo o desenvolvimento de parcerias tecnológicas e comerciais, serão assinados durante o Fórum Estratégico para a Indústria Naval Brasil-China, no Rio de Janeiro (RJ), onde ocorre o Encontro dos BRICS.
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O evento é um desdobramento da visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China em maio. Petrobras e Transpetro participam do fórum para apresentar as demandas por novas embarcações e plataformas no próximo quinquênio, evidenciando o cenário de demanda perene para a indústria naval. A holding e sua subsidiária apresentarão as demandas por novas embarcações e plataformas já previstas no Plano de Negócios 2025-2029.
Os representantes desses grupos da China estão no Brasil desde a última segunda-feira (30/06) e visitaram as plantas industriais das empresas brasileiras, a fim de alinhar interesses mútuos para possíveis parcerias futuras. Durante o fórum deste sábado, serão apresentadas a política de conteúdo local, o Pacote de Incentivos aos Investimentos na Indústria Nacional (PDIC) e o funcionamento do Fundo de Marinha Mercante (FMM).
Estão previstas para esse evento as presenças do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, da diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Renata Baruzzi, e do presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, além de secretários dos ministérios de Portos e Aeroportos (MPor), Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e da Casa Civil.
A assinatura dos acordos de parceria entre os estaleiros chineses e brasileiros ocorre no momento em que a Petrobras e a Transpetro retomam os investimentos no segmento naval e offshore, apoiadas pelo Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras. O presidente da Transpetro, Sergio Bacci, considera que a assinatura dos documentos entre os estaleiros dos dois países reflete o atual momento da indústria naval brasileira, que está retomando suas atividades e tem potencial para trabalhar com um horizonte de demandas perenes.
Ele avalia que o programa de renovação e ampliação da frota do sistema Petrobras assegura ao setor um planejamento de médio e longo prazo. “A possibilidade de realizar parcerias com os estaleiros chineses, que estão entre os mais desenvolvidos do mundo, permite que a indústria naval brasileira acesse novas tecnologias e, possivelmente, até mesmo novas encomendas, que podem ser compartilhadas com os chineses”, afirmou Bacci, que acompanhou parte das reuniões entre os estaleiros durante a semana.
O presidente da Transpetro disse ainda que as políticas mais protecionistas norte-americanas, adotadas no governo Donald Trump, são oportunidade de outras parcerias estratégicas pelo mundo. “Esse diálogo também se insere no novo contexto global em que os Estados Unidos estão priorizando a sua indústria local e abrindo espaços para novas parcerias comerciais estratégicas entre outros países, como a China e o Brasil”, acrescentou Bacci.
A diretora da Petrobras Renata Baruzzi concorda que a retomada da capacidade produtiva da indústria naval brasileira é estratégica para o sistema Petrobras, além de poder ampliar as parcerias com o restante do mundo. Ela disse que o sistema Petrobras é o maior demandante dos estaleiros brasileiros e um dos maiores contratantes da indústria naval e offshore mundial.
“Ter um mercado fornecedor nacional fortalecido é fundamental para a implementação eficaz dos nossos projetos. Apoiar o desenvolvimento de parcerias para a indústria nacional é um dos objetivos do negócio da Petrobras. Sem dúvida, o Brasil sai ganhando com esse diálogo entre os estaleiros dos dois países”, ressaltou Renata.
Lançado em junho de 2024, o Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras já tem programada a contratação de 52 novas embarcações. A iniciativa da Petrobras e da Transpetro vai gerar, nessa etapa, investimentos de até R$ 29 bilhões, com a geração de 50 mil novos postos de trabalho. A Petrobras afirma que o programa visa reduzir a exposição da companhia aos afretamentos e dar maior flexibilidade e eficiência para as operações logísticas de movimentação de cargas. O programa prevê a aquisição de navios para cabotagem na costa brasileira, incluindo embarcações da classe Handy, gaseiros e de médio porte (MR1), que integrarão a frota da Transpetro, além de barcos de apoio para a Petrobras.