O Tecon Rio Grande, terminal de contêineres da Wilson Sons, pedirá ao governo a antecipação da renovação do arrendamento, disse ontem o presidente Paulo Bertinetti, ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. O executivo preferiu, porém, manter em sigilo em que mês isso deve ocorrer. A anuência do governo é condicionada à apresentação de um plano de investimento de expansão e modernização. "O projeto está pronto", disse.
O mecanismo consta da nova Lei dos Portos, publicada em 2013. Desde então, várias empresas que exploram áreas em portos públicos e têm previsão contratual de renovação acenam com a intenção de solicitar a antecipação. Mas somente no ano passado a Secretaria de Portos (SEP) publicou os detalhes de como elas devem proceder para pleitear o aditivo.
Até agora, duas conseguiram a renovação antecipada: a Ageo e a ADM, que exploram áreas no porto de Santos (SP) para movimentação de granéis líquidos e sólidos, respectivamente.
O prazo do arrendamento do Tecon Rio Grande é de 25 anos a partir de 1997, quando a empresa venceu a licitação para explorar a área no porto de Rio Grande (RS). O contrato vence em 2022 e pode ter o prazo aditado uma única vez pelo mesmo período - indo, portanto, até 2047.
Hoje o terminal opera com folga, com ocupação um pouco acima de 50% de sua capacidade dinâmica, que é de até 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) ao ano. A prorrogação antecipada destina-se a amortizar o investimento para atender as novas gerações de embarcações que devem chegar ao Brasil nos próximos anos.
O contrato do Tecon exige que o terminal tenha três berços de atracação. Mas os atuais 900 metros de cais não comportam três porta-contêineres de grande porte. A meta é expandi-lo para cerca de 1.200 metros, de forma que cada berço tenha 400 metros. E ampliar o número de portêineres (guindastes que embarcam e desembarcam o contêiner no navio), com uma média de três por embarcação. Hoje, o terminal tem seis portêineres e dois guindastes do tipo "Mobile", que são menos produtivos.
As cargas de transbordo - transferência do contêiner de um navio para o terminal e posterior embarque para outro destino - e de cabotagem salvaram a movimentação de 2014 do terminal, compensando a queda das exportações e importações. A instalação fechou o ano com alta de 6,1%, movimentando 687,1 mil Teus.
Só o transbordo cresceu 89%, com 42 mil movimentos adicionais, especialmente de frutas oriundas da Argentina - o terminal passou a ser o ponto de transferência dos contêineres refrigerados da Maersk Line e da Hamburg Süd vindos da Patagônia com destino à Europa. Antes, essa operação estava concentrada no Uruguai.
Contudo, como o transbordo paga menos que as operações diretas de comércio exterior, o aumento da movimentação física não deve se refletir linearmente no balanço financeiro, previsto para ser divulgado em março. E as perspectivas para este ano não são diferentes. "A indústria está parada para ver o que vai acontecer. Estamos vivendo um ano difícil em todas as áreas e obviamente o comércio exterior sente muito essa pressão", diz Bertinetti.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | De Santos
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