Não há qualquer ocorrência anormal com o Rio Paraguai ao longo dos 1.400 km de seu trecho médio, da Ponta do Morro, na Lagoa Gaíva, até Assunção (Paraguai), principalmente assoreamento, que teria sido constatado recentemente por uma expedição. O desmatamento, no entanto, compromete suas nascentes, o que exige uma ação governamental mais rápida e eficaz para salvar o principal rio do Pantanal.
As conclusões são da Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai), empresa ligada ao DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) que atua na via monitorando suas águas. Os bancos de areia constatados são reflexos da pluviosidade anual, que eleva ou diminui o volume de água, conforme a intensidade dessas chuvas, fazendo surgir os altos fundos existentes em toda a via.
Em relação à região formadora do rio, em Mato Grosso, a Ahipar tomou conhecimento de um trabalho de pós-graduação de uma professora e ex-reitora da Universidade Federal de MS (UFMS), no final dos anos 90, cujo conteúdo alertava para o desmatamento nas nascentes para utilização dos campos pela agricultura sazonal. Com base nestas informações, a Ahipar encaminhou relatório ao Ibama, na época.
O superintendente da Ahipar, engenheiro Antonio Paulo de Barros Leite, explicou que historicamente a régua de Ladário, que serve de parâmetro para medir o comportamento hidrológico do rio, apresenta períodos de cotas altas, médias e baixas anualmente, variando entre ciclos de cheias e de secas, em decorrência das condições pluviométricas no período e de fenômenos climáticos no planeta.
“De 1950 a 1973 ocorreu um desses ciclos de seca, com águas extremamente baixas, chegando ao nível mínimo de menos 61 centímetros, o menor desde 1900, quando a Marinha começou a medir a régua de Ladário”, explicou o superintendente. “A partir de dezembro de 1973, iniciou-se um período de águas altas, culminando com a cheia recorde de 1988, com o nível chegando a 6,64 metros.”
Fonte: Correio do Estado/SILVIO ANDRADE, DE CORUMBÁ
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