A bolsa brasileira marcou o segundo menor volume do ano nesta terça-feira, reflexo da ausência do investidor americano, que ficou sem a possibilidade de operar devido à passagem do furacão Sandy por Nova York.
Pela primeira vez, em mais de 120 anos, os mercados acionários em Wall Street ficaram fechados por dois dias seguidos por causa de um evento climático. A única vez que isso aconteceu na história da Bolsa de Nova York (NYSE) foi em março de 1888, quando uma grande nevasca atingiu a cidade. Mas a NYSE já informou que tudo voltará ao normal nesta quarta-feira.
Uma estimativa feita pela consultoria Economatica indica que os mercados de ações americanos deixaram de movimentar cerca de US$ 117 bilhões por dia devido à passagem de Sandy pela Costa Leste do país, atingindo o principal centro financeiro mundial.
Sem a referência dos Estados Unidos, o Ibovespa subiu graças às notícias da Ásia e da Europa, e ajudado por uma correção das ações da OGX. A Espanha trouxe alívio aos mercados com o anúncio de uma contração do PIB de 0,3% no terceiro trimestre, menor do que o recuo de 0,4% previsto anteriormente pelo banco central do país.
O Banco do Japão elevou seu programa de compra de ativos de 80 trilhões de ienes para 91 trilhões de ienes (US$ 1,145 trilhão) e anunciou a criação de uma nova linha de crédito com o objetivo de estimular a concessão de empréstimos pelos bancos.
O Ibovespa subiu 0,89%, para 57.683 pontos, com volume de apenas R$ 3,196 bilhões, o menor desde 28 de maio, feriado do Memorial Day nos EUA, quando a bolsa brasileira movimentou apenas R$ 3,150 bilhões.
Entre as mais negociadas, Vale PNA ganhou 0,77%, para R$ 36,37; e Petrobras PN subiu 0,84%, para R$ 21,53.
Investidores locais aproveitaram a ausência do estrangeiro para corrigir OGX ON (3,68%, para R$ 4,78), que marcou novas mínimas do ano na semana passada. O papel ficou entre as maiores altas do Ibovespa pelo segundo dia seguido, justamente os dois dias sem a presença dos principais investidores da companhia.
A lista de altas trouxe também TIM ON (3,98%), que divulgará seu balanço trimestral ainda hoje, e Cielo ON (3,73%). A administradora de cartões também se destacou pelo volume negociado, de R$ 211 milhões, o segundo maior do dia, atrás apenas de Vale PNA (R$ 286 milhões). TIM e Cielo reagiram à notícia de que o governo está prestes a anunciar a sua proposta de marco regulatório para os serviços de pagamento por meio de telefonia móvel, o chamado "mobile payment”. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante a abertura do IV Fórum Banco Central de Inclusão Financeira, em Porto Alegre.
O governo pensa em regulamentar um sistema capaz de permitir que celulares sejam usados para fazer os mais diversos tipos de transações. Bernardo destacou que a maior parte dos pagamentos no Brasil ainda é feita em dinheiro e que há muito espaço para uso de outros meios.
Na outra ponta do Ibovespa, Fibria ON (-3,31%) devolveu toda a alta de ontem e liderou as perdas do dia, ao lado de Copel PNB (-1,78%) e Dasa ON (-1,75%). O BTG Pactual cortou hoje a recomendação da companhia, de compra para neutro, devido ao limitado potencial de alta e ao resultado “desapontador” no terceiro trimestre, que trouxe prejuízo de R$ 215 milhões.
Em relatório, os analistas Edmo Chagas e Antonio Heluany afirmam que continuam a acreditar que os preços da celulose devem ficar acima dos US$ 750 por tonelada até meados de 2013 e que o dólar deve seguir acima da casa dos R$ 2, dois fatores que continuarão contribuindo para o processo de redução dos níveis de endividamento da Fibria.
Fora do índice, mereceu destaque Santos-Brasil Unit (9,86%), com giro expressivo para o dia, de R$ 20 milhões. O lucro líquido da companhia caiu 10,6% no terceiro trimestre, para R$ 79,6 milhões. O presidente da Santos-Brasil, Antonio Carlos Sepulveda, informou hoje que a companhia apresentou recentemente à Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) seu plano de investimentos para pleitear a renovação da concessão do terminal de contêineres, em Santos, que vence em 2022. Pela Lei dos Portos, o contrato é renovável por mais 25 anos, desde que cumpridas algumas premissas.
Sepulveda comentou ainda que a grande expectativa em relação ao pacote do governo para os portos é estabelecer isonomia de condições entre os terminais. A maior operadora do país de terminais de contêineres de uso público espera que o novo marco regulatório acabe com as vantagens dos terminais privativos de uso misto em relação aos de uso público, como o da Santos-Brasil.
Fonte: Valor / Téo Takar
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