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Setor de Transportes está otimista com novos governantes

Com a proximidade da troca de governo nas esferas federal e estadual, aumentam as expectativas em relação aos projetos e ações considerados prioritários pelos novos governantes. Este é o momento em que se renovam as esperanças de que antigas reivindicações sejam atendidas. Vislumbrando o novo cenário que está por vir, empresas e entidades dos setores aeroviário, aquaviário e ferroviário, vitais para a circulação das riquezas dentro do País, elencam as suas necessidades e perspectivas para os próximos quatro anos.

O perfil da matriz de transporte nacional mostra que o modal rodoviário é a principal via de movimentação das cargas brasileiras, com quase 61% de participação. Dado que revela que o País é predominantemente rodoviarista. Para o presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul), Paulo Vicente Caleffi, o futuro governo deve manter os investimentos em infraestrutura nos diversos modais para que o País consiga atender à demanda gerada pelo crescimento econômico.

O executivo afirma que está preocupado com o atraso na execução de algumas obras previstas no Plano de Aceleração Econômica (PAC). No Rio Grande do Sul, ele cita como emergencial a duplicação da BR-101 e da BR-290, entre Guaíba e Pantano Grande, assim como a construção da Rodovia do Parque e da nova ponte do Guaíba. Segundo Caleffi, a infraestrutura deficiente, como a pouca sinalização das estradas e o asfalto mal conservado, é a principal causa de acidentes. “A pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) 2010, que avaliou as principais rodovias brasileiras,  mostra que mais de 50% delas não estão em boas condições”, afirma.

Do governo estadual, o setor de transportes espera que haja uma revisão no formato legal das concessões e do tipo de cobrança dos pedágios. Para os transportadores, o modelo ideal é o de pedágios comunitários. “Mas o dinheiro deve ser realmente aplicado nas obras para as quais a sua arrecadação é destinada”, completa Caleffi.

A mudança de governo reacende a esperança de que novas ideias que tragam mais segurança para os caminhoneiros, sejam colocadas em prática, afirma o?presidente da Fecam (Federação dos Caminhoneiros do Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Éder Dal’Lago. “As estradas estão muito precárias e a capoeira está tomando de diversos trechos das rodovias. Mas o pior são as agressões contra a vida e o patrimônio do caminhoneiro, em assaltos e roubos. Essa situação está muito grave e precisa ser revista e solucionada”, destaca Dal’Lago. E antes da criação de um estatuto para os motoristas, regulando o tempo máximo de direção, é necessário criar infraestrutura, com pontos de parada onde os profissionais possam descansar com segurança, com higiene e alimentação. “Nas rodovias é muito perigoso parar. E, nos postos de gasolina, além da falta de condições adequadas, o caminhoneiro precisa ser cliente. O transporte rodoviário de cargas precisa ser valorizado conforme a sua real importância”, diz.
Ferrovia cresce

MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
Para Vilaça, importante é ter planejamento
Para Vilaça, importante é ter planejamento
Ao que tudo indica o uso dos trens para o transporte de cargas e de passageiros deve retomar sua posição de destaque, envolto em glamour, em pouco tempo. O modal ferroviário, que passou por uma fase de esquecimento nos anos 80 e de abandono completo nos anos 90, está voltando a todo o vapor na primeira década dos anos 2000. E as melhorias são visíveis. Desde a desestatização do setor em 1997, as concessionárias já investiram mais de R$ 22 bilhões na recuperação da malha com o objetivo de torná-la uma alternativa logística, rompendo barreiras culturais.

De acordo com o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, para 2011 o montante previsto para investimento em ferrovias é de R$ 4,6 bilhões. Somado a isso, o governo deverá liberar recursos que somam mais de R$ 100 bilhões ao longo dos próximos dez anos para o investimento em trens de alta velocidade. Por todo este cenário de evolução e investimentos permanentes, o setor ferroviário está confiante e otimista com o novo governo.

Segundo Vilaça, as empresas de transporte ferroviário acreditam na continuidade das obras que estão em execução, assim como na abertura de licitação para novos empreendimentos já planejados e na revisão dos marcos regulatórios que vão dar garantias jurídicas para novos investidores. “Mas o mais importante é que temos um planejamento e a forma de executar as obras de melhoria das ferrovias e aumento da malha. Quando se trata de investimento em infraestrutura esse aspecto é muito importante, pois todas as obras são feitas em longo prazo, pelo tempo de construção e pelos recursos financeiros necessários”, afirma Vilaça.

O fato de o governo federal estar empenhado em buscar possíveis parcerias para colocar em prática os projetos também é considerado muito positivo pelos empresários do modal. A meta do setor ferroviário, hoje com 25% de participação na matriz no modal dos transportes, é chegar a 2015 com 30%. “Um país com o potencial econômico do Brasil não pode ficar com a infraestrutura arcaica, pobre e desregulada. Mas o governo está consciente disso e está fazendo seu papel junto com a população, que conhece as necessidades do País e está mais exigente, cobrando as melhorias com qualidade”, enfatiza Vilaça.
Hidrovia confia no Estado e na União

GILMAR LUÍS/JC
Becker afirma que investir em navegação é governar com os olhos voltados para o futuro
Becker afirma que investir em navegação é governar com os olhos voltados para o futuro
Além de ser uma alternativa econômica, o transporte pelo modal hidroviário causa menos impacto ao meio ambiente. No Rio Grande do Sul, a navegação interior ainda é subutilizada, mas a cada ano vem aumentando a sua participação na matriz modal. A passos lentos, mas constantes. Mas o curso desta história pode ganhar intensidade. Pelo menos as perspectivas do setor em relação ao novo governo são muito otimistas. “O candidato eleito para o próximo mandato no Estado foi escolhido em primeiro turno, o que já lhe dá mais autoridade para defender suas ideias. E ele tem demonstrado o interesse em investir no progresso”, destaca o presidente do  Sindicato dos Armadores de Navegação Interior dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul (Sindarsul), Fernando Becker.

Segundo ele, a navegação interior está tão em evidência, em função dos benefícios que proporciona, em termos de economia e redução da emissão de poluentes, que qualquer governo que tenha os olhos voltados para o futuro deverá priorizar o modal hidroviário. Até pelo fato de que estará investindo na multimodalidade, o que reduz a dependência de apenas um tipo de transporte para a movimentação das cargas no Estado.  Além disso, a safra gaúcha deve ser muito boa, o que naturalmente já vai aumentar a procura por embarcações para a movimentação da soja e do farelo de soja.

Becker também afirma que a escolha do deputado federal Beto Albuquerque para chefiar a Secretaria de Infraestrutura e Logística foi muito positiva. “Além de ser um profissional que conhece os problemas de logística do Estado, também é um entusiasta. Nossa esperança é que ele já chegue no governo implementando novas ações”, afirma.

Em nível federal, há uma predisposição de analisar a legislação que tolhe o desenvolvimento da navegação interior. O primeiro passo, explica Becker, é mudar a legislação em relação ao número de tripulantes a bordo das embarcações. Em barcos  semelhantes aos que no Brasil são obrigados a trafegar com no mínimo seis tripulantes, em outros países, como a Holanda, são necessários apenas dois. “Com um menor número de marinheiros a bordo poderíamos pagar melhor”, enfatiza Becker.

Facilitar a instalação das empresas nas margens dos rios é outra medida que é fundamental. A bancada parlamentar gaúcha, revela Becker, está empenhada em melhorar o uso da navegação. “As empresas estão ansiosas. Naturalmente os barcos vão melhorar”, afirma Becker. “Também estamos confiantes de que o governo federal viabilize a hidrovia do Mercosul, pela Lagoa Mirim”, completa.
Aviação espera infraestrutura melhor

O final de ano, que deveria ser um período de alegrias, em função das comemorações natalinas, tradicionalmente tem sido de muito estresse para quem depende da aviação para viajar. A causa das dores de cabeça dos passageiros com o já famoso caos aéreo brasileiro é gerada pela falta de infraestrutura dos aeroportos, afirma o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Formollo. “Todos os aeroportos precisam de obras urgentes, não só para solucionar os problemas recorrentes habituais nos períodos de maior demanda, como para a Copa de 2014”, cobra Formollo.

As necessidades, segundo ele, vão da construção de novos terminais, aumento de pistas a estacionamento para aeronaves e veículos. Ele cita o aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, de Brasília, que necessita de ampliação do pátio para estacionamento das aeronaves, e os de Viracopos e de Guarulhos (SP), que estão superados. “Os investimentos em melhorias estão defasados há mais de oito anos. Agora está difícil de recuperar o que já deveria ter sido feito ao longo dos anos”, afirma.

No que se refere à movimentação de cargas também há problemas, principalmente pela  falta de terminais apropriados. Algumas empresas aéreas já se ofereceram para executar ampliações, mas o monopólio para a realização das obras é da Infraero, responsável pelos 67 principais aeroportos do Brasil. Outro problema sério, na opinião do presidente do Snea, é a restrição de tempo de trabalho por parte da Receita Federal do Brasil (RFB) na liberação de cargas. No Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), nos finais de semana os agentes fiscais da FRB só trabalham em regime de plantão e não têm turno à noite. Nos aeroportos dos outros países, em sua grande maioria, os fiscais trabalham 24 horas por dia durante toda a semana, reclama Formollo.

No Rio Grande do Sul, a situação dos aeroportos não é diferente dos demais estados. Há mais de dez anos os empresários gaúchos aguardam a ampliação da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional Salgado Filho para poder aumentar a carga das aeronaves de grande porte.

No caso da aviação regional, de acordo com o diretor-geral da NHT Linhas Aéreas, Reinaldo Herrmann, a preocupação é com aumento do nível de exigências da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em relação à infraestrutura de aeroportos de cidades pequenas. Entre os itens cobrados estão estrutura de combate a incêndio, que inclui carro de bombeiros, e equipamentos de detecção de metais. Além disso, também exige a elaboração do Manual de Gerenciamento de Segurança Operacional (MGSO) específico para cada aeroporto, conforme suas características e condições.

Nos aeroportos administrados pelo governo do Estado estes itens já estão sendo providenciados. Nos que estão sob a responsabilidade das prefeituras há outras prioridades, conta Herrmann. “Mas para que o investimento não se torne pesado para o município, o governo do Estado poderia usar os recursos de incentivo ao crescimento da malha aérea, como o Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa), para desenvolvimento da infraestrutura nos aeroportos pequenos”, sugere.

A ligação aérea é importante para levar desenvolvimento aos locais mais remotos,  pois o empresário que investe em novas empresas quer levar os fornecedores e precisa do acesso fácil e rápido que só o avião permite. Herrmann destaca que está temeroso com relação ao futuro do Departamento Aeroportuário (DAP), que há mais de oito anos vem passando por um processo de enxugamento no seu quadro de pessoal. Mas ele se diz confiante com o futuro, baseado nas propostas apresentadas durante as campanhas eleitorais.

Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Cláudia Borges


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