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'Silo-bolsa' já é tradicional em região de grãos entre rios Uruguai e Paraná

Na Mesopotâmia argentina, a ampla e fértil região compreendida entre os rios Uruguai e Paraná, as fazendas de grãos adotaram há quase uma década o sistema do "silo-bolsa". De cima da pequena máquina extratora da soja estocada desde março deste ano, o uruguaio Cesar Romero orienta outros três funcionários que operam um trator e uma carregadeira. "Vendemos 40% da última safra de soja. Agora que os preços atingiram picos históricos na bolsa de Chicago, resolvemos vender o restante", diz o gerente da Cabaña La Peregrina, a 15 quilômetros da fronteira com o Uruguai.

Em uma área de 400 hectares, situada na Província de Entre Ríos, Romero cuida dos negócios rurais do empresário Zacarias Class. A fazenda em Gualeguaychú, a 240 quilômetro da capital Buenos Aires, colheu 270 mil sacas de soja e milho na última safra, com uma impressionante média de 65 sacas por hectare de soja e 150 de milho.

Romero diz que o sistema é fácil de manejar, requer pouca gente para operar, mas necessita de conhecimento e treinamento no sistema. A poucos metros da operação, o motorista de caminhão Miguel Luñak, há 45 anos no ramo, afirma que o sistema melhora também a sua vida. "Isso melhorou a logística para a gente. Trabalhamos o ano todo e não só na safra", diz o profissional ligado à Associação de Cooperativas Argentinas. Morador de Concepción del Uruguay, ele conta que antes ficava até quatro meses fora de casa. "Rodava o país atrás das colheitadeiras de soja. Era muito ruim". Hoje, Luñak prefere os trabalhos perto de sua cidade.

Na outra ponta do país, a mais de 3 mil quilômetros, a fábrica da Ipesa Río Chico, em Río Grande, está em ritmo acelerado. Mesmo com uma máquina em manutenção, é frenético o corre-corre dos operários pelas instalações recentemente ampliadas. Lá fora, o vento congela o rosto dos visitantes. No conforto da calefação movida a gás natural, os operários ganham entre US$ 1,5 mil a US$ 1,8 mil por mês.

A maioria vem de fora, de outras cidades, em busca dos bons salários, que chegam a ser o triplo do que ganhariam em regiões industriais da capital Buenos Aires. "Aqui, todo mundo é de fora. As casas são precárias, mas todos têm carros novos. É a síndrome da volta para casa que não deixa ninguém em paz", resume o gerente industrial Fabio Massucco, que deixou emprego em Buenos Aires há cinco anos. As temperaturas abaixo de zero e o vento antártico castigam os moradores.

Os bons salários são possíveis porque a Ipesa está em uma zona franca. Aqui, o grupo não paga impostos. Economiza 21% de Imposto de Valor Agregado (IVA), outros 3,5% sobre faturamento bruto e não paga tarifas para importar bens de capital, máquinas e matérias-primas. "É um bom negócio estar lá. Mas ajudamos a desenvolver a região onde estamos há 30 anos", diz o diretor comercial Carlos Puiggari. O maior problema, muito mais complicado do que o clima inóspito e as dificuldades logísticas, segundo ele, é a instabilidade política do país. Puiggari estima que a safra nacional argentina poderia saltar dos atuais 100 milhões para 115 milhões de toneladas se o governo retirasse, ou reduzisse, as tarifas de exportações (reintegros) sobre soja, milho e trigo. "O governo tem sido nafasto", afirma. (MZ)

Fonte: Valor Econômico/ De Gualeguaychú e Río Grande (Argentina)

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