Os preços dos grãos registraram forte alta e alcançaram novas máximas no mercado futuro de São Paulo em agosto. De acordo com levantamento mensal realizado pelo Valor Data, os valores médios dos contratos futuros de segunda posição (geralmente, os mais negociados) de soja e milho saltaram 27,11% e 7,93% em relação às médias praticadas em junho. O boi gordo também registrou forte alta, de 4,09%. Na contramão, café e etanol recuaram 5,69% e 1,7%, respectivamente.
Os futuros de soja, que haviam recuado em julho, finalmente reagiram à escalada das cotações internacionais da commodity, em um cenário de oferta escassa e demanda aquecida no mercado físico. Às vésperas do início do plantio da safra 2012/13, o contrato da BM&F foi negociado, em média, a US$ 38,11 por saca no último mês, um salto de 46,7% desde o início do ano e maior patamar desde que o contrato começou a ser negociado, em fevereiro do ano passado.
No mercado físico, o indicador Cepea/Esalq para a soja entregue no Porto de Paranaguá vem batendo sucessivos recordes diários, com preços acima dos US$ 41 por saca na última semana. A fim de assegurar seu abastecimento, compradores já arremataram mais de 43% da próxima safra, quase três vezes mais do que em igual período do ano passado, segundo a consultoria Céleres.
Já os contratos de milho foram negociados, em média, a R$ 34,22 por saca, um recorde. O valor é 31,56% mais alto do que o observado em dezembro, sendo que até junho a commodity acumulava queda diante da perspectiva de uma safra mundial recorde.
Com a devastação da safra americana de milho, o cenário internacional mudou radicalmente e passou sustentar os preços do produto brasileira em plena época de colheita, quando as cotações tendem a ceder. Em todo o Brasil, mais de 85% da segunda colheita de milho da safra 2011/12 já foi concluída.
Já os preços do boi gordo se recuperaram depois de atingir o preço mais baixo em quase dois anos, em julho. Trata-se de um movimento sazonal, típico do inverno, quando os pastos ficam secos e a oferta de animais para abate diminui. A expectativa é que os preços se mantenham mais firmes até o fim do ano, quando a demanda por carne também tende a crescer.
Na contramão dessas commodities, os contratos de café arábica devolveram parte dos ganhos acumulados no mês anterior. As cotações são pressionadas pelo avanço da colheita da safra brasileira, que vinha enfrentando problemas com a falta de chuvas. Com a expectativa de uma colheita recorde, o café acumula queda de 26,98% sobre a média de dezembro. Pressionado pelo avanço da colheita de cana-de-açúcar no Centro-Sul, o etanol voltou a cair e registrou o menor preço médio em 16 meses - US$ 1.124,40 por metro cúbico.
Fonte: Valor / Gerson Freitas Jr.
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