Movimento ganhou uma proporção ainda maior ontem com a adesão de outros canteiros de obras. Esta é a maior paralisação já vista no complexo
Pelo menos 34 mil operários da Refinaria Abreu e Lima  (Rnest) e da PetroquímicaSuape (PQS) paralisaram, ontem, as obras dos  dois maiores empreendimentos em construção no Estado, com investimento  superior a US$ 15 bilhões. É a maior greve nas três décadas de  implantação do Complexo de Suape e um momento histórico no novo mundo do  trabalho em Pernambuco, sustentado pelo crescimento vigoroso da  economia. Hoje, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julga a legalidade  da greve, mas os operários já mandaram o recado de que “parados estão e  parados vão ficar, com ou sem decisão favorável da Justiça” (palavras  usadas pelo presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores na  Construção Pesada, Wilmar Santos, durante discurso na assembleia de  ontem).
Amanhã serão realizadas novas assembleias nos canteiros  de obras para informar a decisão judicial e decidir se as atividades  serão retomadas. “As empresas apostaram numa queda de braço, pagaram pra  ver e estão tendo a resposta dos trabalhadores, com 100% de paralisação  nas obras da Rnest e da Petroquímica”, diz Santos. A estratégia durante  o dia de ontem foi tentar suspender o julgamento da greve no TRT e  trazer as empresas de volta à mesa de negociação para resolver o impasse  em dois itens da pauta de reivindicação, que emperraram o processo  (veja arte na página ao lado).
A greve, que antes se limitava aos  4.822 trabalhadores do Consórcio Conest – formado pelas companhias  Odebrecht e OAS –, se alastrou para as demais 26 empresas que participam  da construção da refinaria e para as três plantas do polo petroquímico  –totalizando 29. O pleito dos funcionários agora é que a pauta seja  unificada, valendo para todos os consórcios. As assembleias de ontem  ganharam reforço de lideranças nacionais da Força Sindical e do  Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e de Mogi das Cruzes.
“Julgar  a greve não vai resolver. As empresas precisam voltar a negociar e  modificar esse diálogo com os trabalhadores. A intransigência leva ao  que aconteceu na hidrelétrica de Jirau, no Norte do País”, alertou o  secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (o Juruna),  temendo a iminência de novos conflitos e os riscos que isso poderá  trazer para os funcionários e as empresas.
O vice-presidente da  Federação, Adalberto Galvão, lembrou do episódio na PetroquímicaSuape,  quando os trabalhadores incendiaram um dos alojamentos da Odebrecht, no  Cabo de Santo Agostinho, após declarada a ilegalidade da greve. “De nada  adiantou, porque os operários voltaram e agora entraram novamente em  greve insatisfeitos com a relação de trabalho”, lembra. O sindicalista  afirma que a judicialização da greve não vai acabar com o ímpeto  político dos trabalhadores e poderá estabelecer o caos social. “O  pagamento de 100% das horas extras aos sábados é praticado nos canteiros  de obra da Petrobras Brasil afora. Nós estamos dispostos a negociar.  Nos comprometemos a só fazer nova reivindicação em relação a horas  extras na data base de 2012. Também sugerimos que o vale alimentação  subisse para R$ 160 e condicionamos a pedir apenas uma correção sobre  esse valor na campanha salarial”, destaca.
Apesar de ter  participado de uma reunião informal no final da tarde de ontem no  Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE), a advogada do  Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada em Pernambuco  (Sinicon-PE), Margareth Rubem, informou que, devido a um  “estrangulamento nas negociações”, a posição das empresas continua sendo  de questionar a legalidade da greve no Conest e de outras empresas  instaladas na Rnest.
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Fonte: Jornal do Commercio (PE)/Adriana Guarda

















