Manter o elevado nível de investimentos em melhoria de infraestrutura, diante da crescente demanda e frente a um cenário macroeconômico incerto é o maior desafio da operação portuária de Suape, em Pernambuco, avalia Thiago Norões, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape.
“Pretendemos dobrar a movimentação de cargas de Suape até 2020 e, para tanto, precisamos investir no desenvolvimento de novos terminais, na ampliação da infraestrutura aquaviária, com dragagens e novos berços de atração”, comenta. “Além disso, buscamos integrar as operações do porto com o complexo industrial, proporcionando melhorias nas rodovias, como a requalificação e a duplicação de vias.”
Segundo Norões, cerca de R$ 500 milhões serão investidos nos próximos três anos. Os recursos estão voltados para a implantação dos novos terminais — o Terminal de Contêineres II (Tecon II) e o Terminal de Granéis Sólidos na Ilha de Cocaia. “Para isso, prevemos a dragagem dos novos cais 6 e 7, a construção do cais de minérios e a dragagem de aprofundamento e acesso viário à Ilha de Cocaia”, conta. São obras incluídas no Plano Nacional de Dragagem II e nos PAC 2 e PAC 3. A licitação desses terminais depende da Secretaria de Portos da Presidência da República.
No ano passado, o Porto de Suape alcançou um movimento recorde de cargas. Passaram pelo porto 15,2 milhões de toneladas de cargas, que representaram um aumento de 18,3% em relação a 2013, quando o movimento chegou a 12,8 milhões de toneladas. O volume de mercadorias transportado em contêineres também aumentou. Em 2014, foram 418 mil TEUs ante 395,6 mil TEUs em 2013, ou seja, um incremento de 5,66%.
Do total de cargas movimentadas em 2014, 9,2 milhões foram granéis líquidos, com aumento de 26% em relação à movimentação de 2013. Desse grupo de mercadorias, destacam-se principalmente as cargas de óleo diesel e GLP, que juntas somaram 3,8 milhões de toneladas. As cargas tiveram como principais destinos, em 2014, os Estados Unidos, a Europa e as Regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.
Suape iniciou o ano de 2015 com dois recordes, igualmente, históricos. Em janeiro, o porto movimentou 1,52 milhão de toneladas de cargas, 16,03% a mais que o mesmo período de 2014 e 3,04% superior ao último recorde mensal, que havia sido de 1,47 milhão de toneladas em dezembro passado. O crescimento foi puxado pela movimentação de granéis líquidos que somou 1,03 milhão de toneladas, em comparação a 763 mil toneladas no primeiro mês do ano passado, representando aumento de 35%.
Além dos constantes investimentos na ampliação da infraestrutura, várias ações têm sido adotadas pelo porto para atingir patamares mais elevados de eficiência, destaca Norões. Entre elas, as melhorias na operação portuária, a certificação dos calados operacionais, a eliminação de restrições na operação noturna, a realização das operações ship-to-ship (transbordo entre navios) e a implantação do Programa Porto 24 horas.
Outro facilitador é a nova regra aprovada pela Alfândega da Receita Federal do Brasil, que permite aos terminais alfandegados operar com cargas de cabotagem em seus recintos e armazenar essas mercadorias por até sete dias, o que antes só era possível pelas empresas de logísticas situadas fora da zona primária portuária. A brasileira Localfrio, que oferece soluções na área de logística portuária, transporte de contêineres por meio de dois terminais em Suape, é a primeira empresa realizar operação de cabotagem no complexo portuário pernambucano, a partir das novas regras da Alfândega.
Estrategicamente localizado em relação às principais rotas marítimas de navegação nacionais e internacionais e conectados a mais de 160 portos em todo o mundo, o Porto de Suape tem diferenciais importantes em relação aos seus competidores, explica Norões. As características naturais da região favorecem a operação portuária no ancoradouro. Suape é um porto abrigado, com águas calmas e profundidade que varia de 15,5 metros a 20 metros. Isso permite operar durante os 365 dias do ano, sem restrições de marés, horários e condições climáticas. “Somos um complexo industrial portuário com um território de 13,5 mil hectares que abriga 105 empresas em operação e outras 45 em implantação, cujos investimentos privados ultrapassam R$ 50 bilhões”, diz.
Fonte: Valor Econômico/Genilson Cezar | Para o Valor, de São Paulo
PUBLICIDADE