Para serem incluídos na rota mundial dos contêineres, os portos e terminais brasileiros investem pesado em tecnologia de ponta para operar em regime de alta rotatividade. Para isso, além dos investimentos na compra de equipamentos, é fundamental a utilização de técnicas operacionais modernas e especialização de mão de obra. "Essa combinação assegura os níveis de produtividade e, hoje, existem terminais em Santos que oferecem 120 movimentos por hora na operação do contêiner, seja no embarque ou desembarque", informa Sérgio Salomão, presidente da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público.
O salto de produtividade nos portos permitiu que a Libra Terminais Santos batesse seis recordes sul-americanos de produtividade em navios (em 2014 atingiu a marca de 184 movimentos por hora num único navio), o que a qualificou para disputar com sucesso uma concorrência para movimentar o maior serviço em volume da Ásia, composto por um grupo de nove armadores. Com esse contrato, a empresa passou a ser a maior operadora de cargas da Ásia no Brasil, segundo Roberto Teller, diretor geral da Libra Terminais Santos.
"Isso significa que 27% de todo o movimento da Ásia de comércio exterior com o Brasil, tanto de importação como de exportação, está conosco", afirma Teller. O executivo reconhece que o crescimento expressivo da produtividade se deve à tecnologia dos sistemas. Em 2014, a Libra fechou com uma média de 75 movimentos por hora em Santos e 68 movimentos por hora na Libra Terminais Rio.
Para alcançar esses resultados, a Libra substituiu o sistema TOS (Terminal Operation System) Cosmos, utilizado até 2011, pelo sistema Sparcs, software para planejamento e controle operacional em tempo real. O sistema melhora a produtividade, a velocidade e a visibilidade do movimento de cargas em todo o porto e nas instalações intermodais.
No ano passado, a Libra Terminais também adquiriu o software de gerenciamento integrado da SAP; e o N4, sistema que se integra ao Sparcs e faz todo o processamento nos bancos de dados para aumentar a eficiência dos sistemas operacionais. Em abril será concluída a implantação do N4 no terminal do Rio e, em agosto, no de Santos. Os investimentos no novo TOS e na plataforma SAP foram de R$ 50 milhões.
A arrendatária do terminal de contêineres do Porto de Paranaguá TCP também modernizou suas operações, com investimentos de R$ 365 milhões, nos últimos três anos, para aquisição de equipamentos (portêineres de última geração, transtêineres, caminhões tractors) para a movimentação de cargas. Os recursos foram destinados também à ampliação da capacidade do terminal, com a expansão do cais para 879 metros de comprimento.
"Esses investimentos atendem a uma necessidade do mercado, com navios cada vez maiores, e dão produtividade para os clientes", comenta Alexandre Rubio, diretor financeiro da TCP. A empresa atingiu o patamar médio de 97 movimentos por hora.
A TCP também adotou soluções para melhorar a interface com o cliente e que permitem fazer o agendamento pela internet para o recebimento e retirada de carga do terminal. Com a programação do horário, acabaram as filas de caminhões. Segundo Rubio, hoje mais de 95% de todos os contêineres que entram e saem do terminal de Paranaguá executam o serviço em menos de uma hora de operação.
Outra inovação foi a modernização nos dez gates (um deles ferroviário), todos com OCR (Optical Character Recognition) e balança integrada. O sistema permite obter os dados do número da placa do caminhão e do contêiner automaticamente, agilizando a operação no porto.
Fonte: Valor Econômico/Fatima Fonseca | Para o Valor, de São Paulo
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