A regularização da atividade garimpeira no norte do Mato Grosso provocou uma nova corrida ao ouro, uma reedição de um movimento que povoou a região nos anos 1970.
Mas essa nova marcha pode ser afetada com a formação do lago da usina hidrelétrica de Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará.
O problema é que o lago deve elevar o nível da água para além de 20 metros até o mergulhador alcançar o leito do rio. Além dessa profundidade, o garimpo de ouro com mergulho é inviável com os equipamentos usados hoje.
O direito de lavra legalizou a exploração em cerca de cem quilômetros de rio.
Novos pedidos feitos pela cooperativa de garimpeiros de Alta Floresta devem elevar ainda mais a área para mineração. A corrida deve elevar a produção mensal de ouro dos atuais 25 quilos para mais de 50 até o fim de 2011.
Segundo o presidente da cooperativa, Darcy Winter, 38, a usina pode acelerar a corrida pelo ouro, sobretudo nas áreas que serão inviabilizadas pelo lago.
Não é a única atividade que será afetada. A pesca comercial de grande bagres ficará comprometida. Espécies hoje comuns no Teles Pires podem sumir.
Além disso, o lago deve facilitar a ocorrência e a predominância do tucunaré, um predador.
Das 303 famílias atingidas pela usina, parte vive do turismo da pesca esportiva. Algumas pousadas terão de ser retiradas, entre as quais a Portal da Amazônia. Criada a três anos, ela tem uma estrutura na floresta para atender turistas de todo o país.
"A usina vai afetar a pousada e, se não afetar, a construção da barragem vai acabar com a diversidade de peixes que temos aqui", diz Rubens Felisberto Barbosa, 36 anos, um dos mais de 30 barqueiros da pousada.
(Fonte: Folha de S.Paulo/DO ENVIADO A ALTA FLORESTAAB)
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