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Tradings tentam aprofundar diversificação geográfica

A pior seca das últimas décadas dizimou as safras americanas de milho e soja, obrigou os pecuaristas a vender cabeças de gado e puxou para cima os preços dos alimentos. E, além disso, acelerou os esforços das maiores tradings de produtos agrícolas do mundo na globalização de suas operações. Os EUA deverão exportar o menor volume de milho dos últimos 40 anos, revés que expõe o perigo representado pela concentração regional dos negócios para empresas que movimentam milhões de toneladas anuais de grãos e outras commodities agropecuárias.

A americana ADM ressaltou recentemente a necessidade de ampliar sua diversificação, ao revelar suas esperanças de adquirir a GrainCorp, exportadora australiana de trigo, cevada e canola. Quase 90% da capacidade de armazenagem de grãos da ADM está na América do Norte. A ADM pertence ao seleto grupo das maiores tradings agrícolas do planeta conhecido como "ABCD" - as outras são as também americanas Bunge e Cargill e a francesa Louis Dreyfus -, que hoje enfrentam forte concorrência de grupos asiáticos como o Noble Group.

A seca nos EUA na safra 2012/13, a menor safra de trigo em nove anos na Rússia, a suspensão das exportações ucranianas de trigo e uma decepcionante produção brasileira de soja em 2011/12 reorientaram essas empresas para o que a Cargill qualifica de "fluxos comerciais atípicos", como o fato de o Brasil ter recorrido a países vizinhos para se abastecer de soja e as compras de milho brasileiro por suinocultores dos EUA, maior produtor mundial do cereal.

A mudança do mapa favorece tradings capazes de garantir suprimentos provenientes de uma grande variedade de origens. A Austrália é um dos grandes exportadores mundiais de trigo e, por estar no Hemisfério Sul, colhe em períodos em que a oferta do Hemisfério Norte é baixa. Já presentes em dezenas de países, ainda que tentem se expandir ainda mais, as tradings em geral têm divulgado resultados sólidos em seus últimos trimestres. Foi assim com Cargill e Bunge, e tanto Louis Dreyfus quanto a Glencore (sediada na Suíça), que têm divisões sólidas na região do Mar Negro, estavam computando lucros elevados em meio à turbulência do comércio de grãos, de acordo com fontes do mercado.

Já a ADM amargou, no ano fiscal encerrado em junho, queda de 39% no lucro operacional dos negócios de comercialização e negociação de grãos, uma vez que os baixos estoques de grãos e oleaginosas e os preços altos reduziram as exportações americanas. Agora a safra de milho americana será, segundo projeções, a menor dos últimos seis anos. Em julho a ADM informou estar adquirindo um porto no Brasil.

A ADM não apenas se defronta com a queda dos volumes das exportações americanas como também com o aumento dos custos com insumos em sua divisão de processamento de milho, que produz desde adoçantes até etanol. Em sua cidade de origem de Decatur, no Estado de Illinois, a empresa vem perfurando poços em busca de fontes alternativas de água para suas grande unidades de processamento de milho e soja, já que a seca baixou o nível do lago local.

O raio de atuação da empresa foi parcialmente ampliado com a aquisição de uma participação majoritária na trading Toepfer, sediada em Hamburgo (Alemanha), e pelo investimento na compra de 16,4% na Wilmar International, maior processadora global de óleo de palma.

A volatilidade dos preços das commodities aumentou a dor de cabeça dos administradores de risco das tradings, que precisam se proteger, com operações de hedge, das oscilações dos preços das commodities, dos custos do frete e do câmbio. "As atuais condições são de volatilidade, complexidade e tensão para todos os que participam do nosso setor", disse o brasileiro Alberto Weisser, principal executivo da Bunge, a investidores no mês passado.

Já Emery Koenig, diretor de risco da Cargill, referendou a nova paisagem do segmento: "É importante permitir que os mercados funcionem e flutuem devidamente, sem reprimir a volatilidade dos preços, porque é aí que está o estímulo necessário à inovação - variedades de plantas com maior produtividade, melhores práticas agrícolas e melhores equipamentos - para ajudar a alimentar o mundo".

Fonte: Valor / Gregory Meyer






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