Um ano após a aquisição do Porto Sudeste do empresário Eike Batista, a holandesa Trafigura e a Mubadala, empresa de investimentos de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, deram um dos últimos passos para livrar a empresa do chamado "risco X". Uma oferta de troca de títulos com lastro em royalties do porto, que estavam vinculados à mineradora MMX, movimentou R$ 2,7 bilhões na BM&FBovespa. A liquidação da operação, que ocorreu na semana passada, foi realizada ontem.
Os títulos, negociados na bolsa desde 2011, dão direito aos investidores de receber o equivalente a US$ 5 por tonelada de minério de ferro embarcada no porto. Localizado em Itaguaí (RJ) e com capacidade de movimentar 50 milhões de toneladas de minério por ano, o Porto Sudeste está em fase final de construção e tem previsão de entrada em operação para este ano.
Como os papéis são de emissão da MMX, os investidores corriam o risco de ter problemas caso a mineradora entrasse com pedido de recuperação judicial. Mubadala e Trafigura eram os principais investidores dos títulos, "herdados" com a compra. A oferta de troca pelos novos papéis deve eliminar o risco.
Com valor em torno de R$ 2,7 bilhões, a adesão dos investidores à oferta representou 92% do volume total dos títulos, negociados hoje com o código "MMXM11". Os investidores que permaneceram com os papéis da MMX continuam com direito aos royalties do Porto Sudeste.
A operação consistiu em duas ofertas públicas distintas: de cotas de um fundo de participações (FIP) ou de títulos emitidos por uma outra companhia, a Porto Sudeste V.M. A escolha coube a cada investidor.
A estrutura com duas ofertas foi necessária porque muitos dos papéis estavam em poder de pessoas físicas, que não podem investir em cotas de FIP, segundo o advogado Henrique Filizzola, sócio do escritório Stocche Forbes.
A criação do fundo de participações foi uma exigência de investidores institucionais, por questões de governança. "O fundo deterá um assento no conselho de administração do Porto Sudeste e acompanhará de perto a execução do projeto", afirma o advogado.
Fonte: Valor Econômico/Vinícius Pinheiro | De São Paulo
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