A usina de ondas do Pecém, projeto pioneiro na América Latina, obteve Licença de Operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para funcionar até o ano de 2020. Atualmente, o equipamento, que gera energia elétrica por meio do movimento das ondas, já opera em modo experimental.
Orçado em R$ 14 milhões, a usina tem capacidade de gerar 50 kilowatts (KW) FOTO: FRANCISCO VIANA
Antes previstas para 2010, as atividades foram iniciadas somente no dia 24 de junho deste ano, quando, durante cerca de dez minutos, a planta produziu eletricidade e alimentou seus sistemas auxiliares de iluminação e refrigeração.
Orçado em R$ 14 milhões, o empreendimento energético tem capacidade de gerar 50 kilowatts (kW). O usina localizada Terminal Portuário do Pecém é a primeira desse tipo na América Latina, mas experiências como essa já existem na Holanda, Portugal, Japão e Reino Unido.
Potencial
No entanto, em âmbito nacional, essa fonte tem potencial muito maior. Estima-se que os 8 mil quilômetros de extensão litoral no Brasil podem receber usinas de ondas suficientes para gerar 87 gigawatts. Desse total, 20% seriam convertidos em energia elétrica, o que equivale a aproximadamente 17% da capacidade total instalada no País.
Como funciona
O projeto é de autoria do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) - vinculado à UFRJ - e financiado pela Tractebel, contando, ainda, com o apoio do governo do Estado do Ceará. O funcionamento ocorre em função de grandes "braços mecânicos" que foram instalados no píer do Porto do Pecém. Na ponta desses mecanismos, em contato com a água do mar, há uma boia circular.
À medida que as ondas vão batendo, a estrutura faz movimentos de subida e descida, o que aciona bombas hidráulicas, que fazem com que a água doce contida em um circuito fechado, no qual não há troca de líquido com o ambiente, circule em um local de alta pressão. Essa água que sofre grande pressão vai para um acumulador, que tem água e ar comprimidos em uma câmara hiperbárica, que é o pulmão do dispositivo.
Ventos cearenses
O Ceará foi escolhido para abrigar o mecanismo principalmente pela constância dos seus ventos alísios. O movimento desse ar gera ondas regulares no mar cearense. Elas não atingem níveis elevados, como no Havaí, por exemplo, mas são constantes, fator que aumenta a eficiência da usina de ondas.
Conforme a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a geração da usina cearense, ainda que pequena, representa um grande avanço, uma vez que a costa brasileira apresenta favoráveis condições para este aproveitamento energético, por conta, sobretudo, de sua proximidade com o mercado consumidor composto por cidades de alta densidade demográfica.
Além disso, de acordo com a Aneel, o aproveitamento dos recursos do mar apresenta perspectivas promissoras em função de fatores como extensas áreas, ampla distribuição mundial dos oceanos e, principalmente, alto potencial de geração de energia, as maiores entre todas as fontes renováveis.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/VICTOR XIMENES
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