A Vale realizou aportes de US$ 235 milhões, o equivalente a mais de meio bilhão de reais, na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) no primeiro semestre deste ano. Os recursos representam 53% do montante projetado pela companhia para investimentos em 2013 no empreendimento, que são de US$ 439 milhões. Os dados foram apresentados no balanço do segundo trimestre da companhia, divulgado na semana passada.
Desde o início do empreendimento, a Vale já destinou cerca de US$ 811 milhões para a planta (R$ 1,84 bilhão) FOTO: FABIANE DE PAULA
Os investimentos realizados pela Vale são relativos à sua participação no empreendimento. A CSP é uma joint-venture, da qual a companhia brasileira participa com 50% das ações. O restante é dividido entre as sul-coreanas Posco e Dongkuk. Desta forma, os aportes totais a serem empreendidos pela Vale somam US$ 2,64 bilhões (cerca de R$ 6,0 bilhões, considerando o dólar a R$ 2,27). A expectativa é de que a usina comece a operar no segundo semestre de 2015, com sua primeira etapa, que terá capacidade de produzir três milhões de toneladas de placas de aço anuais.
Desde o início do empreendimento até o fim do primeiro semestre deste ano, a Vale já havia investido US$ 811 milhões na planta (R$ 1,84 bilhão), o que representa 30% do valor total a ser aportado na CSP pela empresa. A CSP é o único projeto em construção na área de siderurgia da atual carteira de investimentos da Vale. A empresa é sócia da Thyssenkrupp CSA, no Rio de Janeiro, que vem acumulando prejuízos desde sua inauguração, em 2010, e está envolvida em outros dois projetos, a Aço Laminados do Pará (Alpa) e a Companhia Siderúrgica Ubu (CSU), ambas em estágio inicial de desenvolvimento.
A CSP concluiu no semestre passado a fase de terraplenagem e, segundo informa o relatório da Vale, está na etapa de cravação de estacas para a fundação da planta. Até o fim do semestre, o projeto contava com 29% de avanço físico. Até junho, a CSP já havia adquirido 57.460 toneladas de materiais, a serem usadas para as demandas específicas das obras da coqueria, aciaria, powerplant, da planta de distribuição de combustível, entre outros. Até 2014, 350 mil toneladas de equipamentos e máquinas devem chegar para o empreendimento. O atual cronograma prevê a montagem e os testes dos equipamentos para os anos de 2014 e 2015 e, no dia 3 de setembro de 2015, está programada a chamada conclusão substancial da usina siderúrgica.
Como foi em 2012
O investimento de US$ 439 milhões previsto pela Vale para este ano na CSP é inferior em US$ 124 milhões ao programado para o ano passado. Entretanto, o ritmo de execução neste ano está bem maior do que o de 2012, quando foram, de fato, investidos somente R$ 294 milhões.
Isto é, em seis meses neste ano, a Vale investiu 53% do previsto para todo o ano de 2013, enquanto que em 12 meses, em 2012, os aportes só chegaram a 52% do projetado.
Vale Pecém
No orçamento para este ano, a Vale não especificou quanto a empresa deverá aportar no Ceará por meio da Vale Pecém, novo empreendimento que deverá ser instalado no Estado a partir deste semestre. No balanço do segundo trimestre, não há registro de aportes neste projeto.
A Vale Pecém ficará localizada dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, assim como a siderúrgica. A unidade será responsável por fornecer minério de ferro para a CSP. Ela fará o beneficiamento do minério (principalmente na etapa conhecida como "blendagem"), podendo fornecer cinco milhões de toneladas anuais do produto. A Vale Pecém está orçada em US$ 98 milhões, e deverá estar operando no segundo semestre de 2015.
SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER
Makro: entrega de peças vai alterar trajeto até a usina
Alguns trechos localizados entre o Porto do Pecém e a Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE) devem sofrer alterações estruturais por conta do transporte de equipamentos para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), revelou a Makro Engenharia - empresa contratada para levar as peças para montagem da usina, do navio até o canteiro de obras.
De acordo com o road survey - estudo de impactos sobre o trajeto que o equipamento fará -, realizado pela Makro, "alguns postes deverão ser retirados, parte da fiação deve ser removida e adequações de calçada e da própria pista deverão acontecer".
"Mas tudo será realizado dentro de uma adaptação lógica, ou seja, se a peça tem previsão de chagada para janeiro, por exemplo, 30 dias antes é feita a adaptação", garante Paulo Robson Oliveira, gerente da Unidade Ceará da Makro Engenharia.
Responsabilidades
Ele explicou ainda que as intervenções são de responsabilidade da CSP, enquanto a Makro deve fiscalizar o trajeto e efetuar o transporte do equipamento nas condições estabelecidas.
O trabalho de levar a carga que chega no Porto do Pecém até a ZPE do Ceará, segundo Robson, é realizado pela empresa na qual ele é gerente desde junho - quando a ZPE passou a ser área alfandegada.
Apesar de nenhuma intervenção no trajeto ter sido necessária até agora, ele garantiu que os caminhões são todos diferenciados de acordo com a carga.
"Nós carregamos desde contêineres até peças enormes de 100 até 300 toneladas e para isso usamos uma linha de eixo para suportar o peso", explica referindo-se ao tipo de carroceria do caminhão. Também faz parte dos acessórios necessários, o emprego de um transportador pneumático especial, segundo o executivo.
Montagem
Já para a construção propriamente dita da siderúrgica, a Makro atua desde o início das atividades no terreno na chamada "montagem vertical" ou içagem de equipamento.
Ao todo, segundo o gerente, serão mais de 90 equipamentos pesando entre 25 toneladas e 750 toneladas que deverão ser içados durante o pico de obra, o qual deve acontecer entre o fim deste ano e o primeiro semestre do próximo.
Este trabalho no entanto, enfatiza Oliveira, corresponde a outro contrato, fechado diretamente com a Posco Engenharia e Construção - empresa responsável pelas obras do empreendimento - e custou algo em torno de R$ 100 milhões, como o Diário do Nordeste antecipou com exclusividade na edição de 2 de maio de 2013.
A Makro realiza ainda a montagem vertical para as termelétricas do Pecém, além de ter atuado na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
Fonte: Diário do Nordeste (NE)
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