O laudo da explosão do Porto de Porto Velho, mais conhecido como Porto da Hermasa, é conclusivo de que o vazamento de gás se deu em uma empresa distribuidora do produto. Falta para a conclusão do inquérito apenas o interrogatório do responsável pelo manuseio do equipamento no local em que se deu a vazão. Depois do indiciamento do culpado o inquérito será relatado e mandado ao Ministério Público Estadual.
O acidente ocorreu no dia cinco de maio deste ano por volta das 19h40. A explosão deixou seis vítimas, dois trabalhadores morreram. Um no Hospital de Base e outro no Pronto Socorro do João Paulo II, ambas com mais de 90% do corpo queimado. Os outros quatro já saíram do hospital e estão em casa.
Segundo o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Velho, Elizeu Müller de Siqueira, o inquérito foi instaurado para apurar responsabilidade criminal de caráter culposo tanto de homicídios quando de lesão corporal. Foram ouvidas todas as vítimas sobreviventes. Foram oitivadas várias testemunhas e com o vencimento do prazo de 30 dias o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público solicitando prazo complementar para indiciamento dos responsáveis, e juntado também o laudo de constatação do laudo do evento.
O laudo foi entregue pelo Instituto de Criminalística à 1ª Delegacia de Polícia (DP) no dia 16 de junho. De acordo com o delegado Müller, a partir de agora só falta o indiciamento do funcionário da empresa responsável pelo equipamento onde se deu o vazamento e posterior relatório final a ser remetido ao MP.
A tragédia vitimou de morte os trabalhadores Francisco Carvalho de Souza e Rondoval Magalhães. Ficaram feridos com queimaduras de 1º e 2º graus os estivadores Antônio José da Silva, 35 anos, Jocimar Brito da Silva, 32 anos, Marcos Barros, 26 anos e Antônio Nascimento Lima de 55 anos.
Porto de Porto Velho
Segundo o diretor administrativo e financeiro da SOPH – Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia, Jacques Sanguanini, as famílias dos trabalhadores atingido na explosão estão recebendo uma ajuda financeira da Hermasa e da SOPH através do OGMO – Órgão Gestor de Mão de Obra. As empresas já chegaram a pagar exames dermatológicos e oftalmológicos particulares para as vítimas quando a demora estava grande na rede pública.
De acordo com o presidente do OGMO, Edvan Mendonça Brasil, o órgão em parceria com a Hermasa e a SOPH dão uma ajuda de custo no valor de dois salários mínimos para as famílias vítimas da explosão. Essa ajuda é dada enquanto as vítimas não começam a receber pelo INSS. A partir daí, a OGMO passará a pagar apenas um salário mínimo.
Mendonça disse que procuraram a empresa envolvida no acidente para que ajudasse as vítimas, mas não tiveram resposta até hoje. Eles pretendem entrar na justiça contra a empresa para que ela venha a ressarcir os danos causados pela explosão do Porto, e também arquem com as despesas das vítimas.
De acordo com Sanguanini, já foi feito um apanhado dos estragos causados no Porto e um levantamento dos valores. O relatório está com o engenheiro responsável e deve ser usado para muito em breve a Soph entrar na justiça contra os culpados pedindo indenização.
As vítimas
Segundo Valdirene Soares Nascimento, 40 anos, funcionária pública, irmã de Antonio do Nascimento Lima, 55 anos, uma das vítimas da explosão, o OGMO deu uma ajuda de custo de R$ 1.000 nos dois primeiros meses após a tragédia. A partir do dia 17 deste mês eles começam a receber pelo INSS.
O irmão de Valdirene sofreu queimaduras em várias partes do corpo. Os lugares mais afetados foram os braços. Ele também teve sérias complicações nos olhos e nos ouvidos. A visão e a audição foram muito afetadas pela explosão. Antonio já quase não enxerga, só vê vultos. Ele foi internado no João Paulo II no dia 5 de maio onde permaneceu quatro dias, depois foi encaminhado ao Hospital de Base onde só recebeu alta no dia 27 de junho.
Valdirene espera agora providências do Sindicato dos Estivadores. Ela espera que o irmão venha a receber alguma indenização pelos danos que sofreu. Nesta quarta-feira ela deve voltar ao Porto, onde vai pedir ajuda para conseguir uma consulta a um oftalmologista para o irmão.
Fonte: Diário de Amazônia/Cyntia Dias
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