Com a guerra entre Hamas e Israel, o tráfego de embarcações comerciais que transitavam pelo Canal de Suez — rota oficial que facilita a chegada de embarcações ao Oriente, e que tinham como destino Israel — foi interrompido devido aos ataques dos Houthis do Iêmen. Uma outra alternativa a essa rota, o Cabo da Boa Esperança, no sul da África, traz aumento de custos para as operações, uma vez que pode ampliar o tempo de viagem de 19 dias para algo em torno de 30 dias.
Assim, é razoável admitirmos que a crise no Oriente Médio causa sérios transtorno ao transporte marítimo. Segundo um levantamento da Datamar (consultoria de inteligência de dados de comércio marítimo), o Brasil deve sofrer diretamente os impactos disso, já que pelo menos 9% de toda a carga brasileira de contêiners passam por Suez. O que veremos por aqui não irá se tratar de diminuição, mas, sim, de aumento considerável do tempo de viagem. Já pelo mundo, o que temos visto é maior intensidade da crise no transporte de mercadorias entre Ásia e Europa.
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Em situações como esta, o mercado de seguros teme perdas iminentes e prejuízos volumosos. Exclusões de coberturas e um considerável aumento das taxas das apólices são consequências iminentes frente às perdas substanciais que poderão ser registradas. É inevitável que se retraia, evitando riscos certos ocasionados pelas circunstâncias.
Em flagrante situação, não há modalidade específica de apólice. Mas serviços assistenciais e de mitigação deveriam ser ofertados para que haja uma segurança maior para as mercadorias.
Em linhas gerais, canais específicos de orientação e assistência são sempre muito bem vistos em momentos de crise. É importante que o mercado segurador seja um agente assistencial, auxiliando as empresas afetadas em um âmbito mais amplo e consultivo, e que deslumbrem alternativas não somente no reenquadramento de coberturas, mas assistências e consultorias que possibilitem maior segurança do risco num contexto geral.
Wagner Spindola é sócio da Globus Seguros