Artigo - O desafio de aumentar participação de mulheres em cargos operacionais começa na formação

Aumentar a participação das mulheres em posições que há décadas contam com predominância masculina tem sido um desafio nas empresas, principalmente de setores como logística e infraestrutura. Não basta abrir vagas e ter boa disposição para recebê-las se toda uma tradição cultural passa a mensagem que aquele espaço não é delas. Segundo um estudo conduzido pela IMO (International Maritime Organization), no mundo todo, apenas 16% dos trabalhadores de funções de operação portuária são mulheres.

Transformar essa imagem e tornar a profissão mais atraente para as mulheres é um movimento necessário não apenas em resposta a uma demanda social, mas principalmente porque são notórios os ganhos em inovação, produtividade, eficiência e segurança quando temos um ambiente diverso. Além disso, identificamos que o apoio às mulheres está conectado a demandas sociais importantes, afinal o índice de desemprego das mulheres é mais alto que o dos homens, mesmo que em muitos casos elas sejam a principal fonte de renda em seus lares.

Se existe um entendimento da indústria de que a presença das mulheres em cargos operacionais é benéfica para todos e há tantas mulheres em busca de condições melhores de geração de renda, por que ainda temos uma disparidade tão grande quando falamos em participação feminina em atividades operacionais? Para encontrar essa resposta, tivemos de conversar com a comunidade e identificamos que precisamos criar oportunidades de qualificação e deixar explícito que esse tipo de carreira está aberto à participação feminina.

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Na Ultracargo, estabelecemos a meta de ter no mínimo 30% de mulheres em funções operacionais até 2025. Mas no Terminal de Vila do Conde, no Pará, já atingimos essa meta em 2022. Isso foi possível em razão do curso de formação operacional oferecido para os residentes de Barcarena, em que boa parte das vagas foi reservada para mulheres. Capacitadas, elas puderam concorrer às vagas abertas no novo terminal e mostraram que estão profundamente conectadas a princípios que nos movem como eficiência e segurança, por isso a ideia é continuar a valorizar a equidade.

Com o sucesso dessa primeira edição, replicamos o modelo nas comunidades próximas ao Terminal de Aratu, na Bahia, que reservou metade das vagas para mulheres. Fomos surpreendidos pelo número de interessados: 3 mil pessoas em busca de 25 vagas. Isso demonstra o quanto temos uma população disposta a se qualificar e evoluir profissionalmente e muitas mulheres que podem contribuir para tornarmos o ambiente operacional mais diverso e inclusivo, propício a novas soluções que só podem ser oferecidas por quem traz uma outra perspectiva.

Aumentar o número de mulheres que estão preparadas e dispostas a se candidatar às vagas que abrimos em nossas operações é apenas o primeiro passo. Sabemos que elas também precisam se sentir pertencentes uma vez que vestem o capacete da empresa. Para isso, é necessário criar um ambiente mais inclusivo, o que exige um trabalho contínuo, consistente e consciente.
A criação e manutenção de um ambiente inclusivo exige medidas como qualificar e sensibilizar as lideranças para a valorização destes talentos, realizar ajustes em automação – algo que torna o trabalho mais seguro, eficiente e acessível a todas as pessoas, independentemente de gênero e idade – e ir em busca do conhecimento de quem entende a complexidade desta transformação através da contratação de consultorias especializadas na agenda de diversidade.

O caminho para atingirmos o mínimo de 30% de participação feminina nas operações ainda é longo, mas temos confiança de que estamos avançando e aprendendo à medida que mais mulheres passam a exercer uma atividade tão essencial. Abrir caminho para que essas mulheres progridam na carreira e enxerguem a liderança como um espaço que também é seu é o próximo desafio que devemos superar. Não só na Ultracargo, mas em toda a nossa indústria.

Patrícia GomesPatrícia Gomes é diretora executiva de Recursos Humanos, Comunicação e Sustentabilidade da Ultracargo

 

 

 

 

 

 



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