Os chineses pisaram no freio nas compras mundiais de soja. E, ao contrário do que ocorreu no ano passado, desta vez o Brasil também entrou na dança.
Em dezembro, eles ficaram com 97% da soja exportada pelos brasileiros. O percentual recuou para 92% e 82%, respectivamente, em janeiro e em fevereiro, estacionando em 69% em março e em abril.
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A participação chinesa na compra do produto brasileiro no mês de março foi a menor neste período do ano desde 2011.
O recuo das importações mundiais da China faz parte da prometida política do país —e desacreditada por muitos— de redução das compras externas da oleaginosa, após o recorde de importação em 2018.
No período de outubro de 2018 a março de 2019, segundo semestre do calendário da economia chinesa, o país importou apenas 34,8 milhões de toneladas de soja.
Esse volume ficou 20% abaixo dos 43,7 milhões de toneladas da commodity que haviam entrado pelos portos chineses em igual período anterior.
O momento não é bom, porque há uma oferta muito grande de soja no mundo, afirma Fernando Muraro, da AgRural.
A Bolsa de Chicago, um dos termômetros do preços mundiais da oleaginosa, registrou nesta terça (30) o menor preço em dez meses —US$ 8,5125 por bushel (27,2 quilos).
Além dessas incertezas do mercado externo, o clima voltou a piorar no Meio-Oeste americano, dificultando o plantio de milho. Passado o período ideal de semeadura do cereal, o produtor poderá destinar a área não plantada para a soja, elevando ainda mais o quadro mundial de oferta.
Boa parte da safra americana, que atingiu 123,7 milhões de tonelada, ainda está nos armazéns, devido à guerra comercial dos Estados Unidos com a China.
O governo dos EUA deu crédito para os produtores segurarem a soja, em vista da taxa de importação imposta pelos chineses ao produto americano.
A safra brasileira, praticamente colhida, deverá ficar entre 115 milhões e 119 milhões de toneladas, enquanto a argentina, na metade da colheita, subirá para 55 milhões.
“É um período de muita disponibilidade de soja e de dificuldades para o setor”, diz Muraro.
As razões da redução das compras chinesas são várias. Uma delas foi o elevado patamar de importação em 2018.
Além disso, os chineses passam por um período difícil na produção de suínos, devido à peste suína que se alastra pelo país. A redução de animais poderá superar 150 milhões de cabeças, provocando uma queda do rebanho para menos de 400 milhões.
Houve, ainda, uma alteração nas normas de produção de ração na China, reduzindo a participação do farelo de soja nesse insumo.
Fonte: Folha SP