As quatro grandes tradings de commodities agrícolas do mundo e a brasileira Amaggi poderiam tornar-se operadoras da BR-163, no trecho da rodovia que liga o cinturão de grãos do país aos portos do Norte, ao mesmo tempo que consideram um investimento em uma ferrovia a ser construída na região.
Segundo a EDLP, empresa de desenvolvimento de negócios de infraestrutura e logística, a Archer Daniels Midland (ADM), a Bunge, a Cargill, a Louis Dreyfus e a Amaggi encomendaram um estudo técnico sobre a concessão, por um período de 10 anos, de um trecho de 968 quilômetros da BR-163, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA).
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Essa rodovia é a principal rota de escoamento de grãos até os portos do chamado Arco Norte, responsável por 28 por cento das exportações brasileiras de soja e milho em 2018, dobrando sua participação nos últimos oito anos.
ADM, Bunge, LDC e Amaggi não responderam imediatamente às solicitações de comentários. A Cargill direcionou questionamentos à EDLP.
Roberto Meira, diretor da EDLP, disse à Reuters que o modelo proposto para entregar a rodovia a investidores privados será apresentado ao governo ainda nesta semana. O plano envolveria convencer o governo a oferecer uma concessão de dez anos da estrada, muito mais curta do que o período típico de 20 a 30 anos dos projetos que estão próximos de ir à leilão.
O Ministério da Infraestrutura já disse que pretende buscar um concessionário para operar a rodovia BR-163, mas os detalhes ainda precisam ser anunciados.
O menor prazo se daria pelo fato de que os grãos transportados por caminhão seriam gradualmente migrados —a partir de 2025— para a ferrovia Ferrogrão, que seguiria uma rota similar à BR-163, disse Meira.
O secretário de privatizações do governo disse em janeiro que o projeto ferroviário Ferrogrão poderia estar pronto para ser licitado este ano ou no início de 2020.
Meira disse que as tradings de grãos poderiam investir capital próprio tanto no projeto da rodovia quanto no da ferrovia, embora a concorrência possa atrair outros investidores.
Ele disse que as companhias esperam fazer investimentos logísticos para cortar custos e reduzir os problemas relacionados ao transporte de grãos no sentido norte enquanto a ferrovia não é construída.
Todos os anos, longas filas de caminhões se formam em certas cidades nos Estados de Mato Grosso e Pará, devido ao mau estado da BR-163.
Na semana passada, dois portos no Pará ficaram quase sem soja devido a fechamentos na rodovia BR-163 depois que chuvas e tráfego pesado bloquearam trechos da estrada, reforçando os gargalos de infraestrutura do maior exportador de soja do mundo.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse recentemente que os trechos não pavimentados da BR-163, que geraram os problemas na semana passada, deverão ser asfaltados ainda este ano, o que permitiria o melhor escoamento da safra do próximo ano.
Fonte: Reuters