SÃO PAULO - Os 12 países da América do Sul devem desembolsar cerca de US$ 21 bilhões ao longo dos próximos 12 meses em 31 projetos de infraestrutura que ampliam a integração regional. Os dados foram apresentados nesta terça-feira pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que abriu o Fórum de Infraestrutura da América do Sul, com a participação da União das Nações Sul-americanas (Unasul), além de autoridades e empresários de vários países da região.
Os projetos, muitos em andamento, abrigam essencialmente obras de transportes, comunicação e energia. Das 31 iniciativas que compõem a Agenda de Projetos Prioritários de Integração (API), 11 têm participação do Brasil, sendo que dez delas integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O financiamento desses projetos está sendo definido caso a caso. Não há um modelo único, mas Carlos Cavalcanti, diretor titular do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, acredita que o regime de concessão pela iniciativa privada é preferencial pois libera o governo para investir em outros setores. O montante de US$ 21 bilhões, disse, pode aumentar rapidamente, porque alguns projetos ainda estavam em processo de estudo de viabilidade, o que não inclui a previsão total de gastos com obras.
Conforme Maria Emma Mejía, secretária-geral da Unasul, o plano deve contribuir para que o conjunto de países da América Latina amplie os investimentos em infraestrutura em relação ao PIB para um porcentual entre 5% e 8%. Levantamento mais recente dos números conjuntos das 12 nações mostra que esse montante equivalia a 2,3% em 2008.
"Isso só é possível com obras de grandes proporções", afirmou Maria Emma. Segundo ela, serão necessárias mais três décadas de investimentos para que o aporte em infraestrutura ganhe cinco pontos porcentuais em relação ao PIB da região. Com a integração logística, a ideia é ampliar o desenvolvimento e melhorar a competitividade comercial dos países envolvidos num mercado de 400 milhões de habitantes.
Competitividade
Para o Brasil, essas iniciativas podem compensar um pouco a perda de competitividade criada pela valorização cambial e pela carga de impostos do país, ampliando as exportações do País. "As exportações do Brasil para a América do Sul são hoje maiores do que aquelas para os Estados Unidos", lembra Cecilio Perez Bordón, presidente pro tempore da Unasul.
Os projetos estruturantes no Eixo Amazonas preveem desembolso de US$ 3,485 bilhões, sendo US$ 2,530 bilhões previstos para um eixo viário que liga Lima (Peru) a Manaus (Brasil). No Eixo Andino, há cinco projetos, destacadamente rodoviários, com custo estimado de US$ 3,682 bilhões. Só o corredor rodoviário Caracas-Bogotá-Quito deve consumir US$ 3,350 bilhões.
No chamado Eixo Capricórnio, outros US$ 3,480 bilhões deverão ser gastos. Uma das obras mais importantes é o corredor ferroviário bioceânico Paranaguá-Antofagasta, avaliado em US$ 2,1 bilhões. As obras do Eixo Interoceânico Central estão avaliadas em US$ 5,362 bilhões, com destaque para o trecho boliviano do corredor ferroviário bioceânico, que deverá custar US$ 5 bilhões.
Cerca de US$ 1,050 bilhão serão gastos no Eixo Escudo Guianês, envolvendo rodovias que passam por Brasil, Guiana, Suriname e Venezuela. No Eixo Hidrovia Paraguai-Paraná, a melhoria da navegabilidade dos rios da Bacia da Prata deve demandar investimentos de US$ 1,165 bilhão. O Eixo Mercosul-Chile conta obras de rodovias, ferrovias, interconexões fluviais e energéticas que somam US$ 2,200 bilhões. No eixo Peru-Brasil-Bolívia um único projeto está previsto no valor de US$ 119 milhões e deve conectar por rodovia Porto Velho ao litoral peruano.
Fonte: Bianca Ribeiro, da Agência Estado
PUBLICIDADE