A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve apresentar resultado fraco no primeiro trimestre devido a redução do volume de minério de ferro da mina de Casa de Pedra. O fato não vai surpreender o mercado, pois já foi anunciado pela empresa.
"As vendas do aço deverão ser positivas, mas não o suficiente para compensar os volumes mais baixos de minério", destacam em relatório os analistas do Banco Espírito Santo (BES), Catarina Pedrosa e Felipe Machado. Para eles, os ganhos operacionais serão prejudicados com o fraco desempenho do minério.
A produção encolheu devido a problemas técnicos no equipamento que movimenta o minério de ferro (estocagem e carregamento) na mina e não deve superar em muito a casa dos 5 milhões de toneladas.
Os números previstos para o balanço da CSN, a ser divulgado até quarta-feira, último dia legal para a publicação do resultado do primeiro trimestre de 2013, apontam para lucro líquido de apenas R$ 26 milhões no período, 71,5% abaixo do ganho obtido no mesmo período do ano passado, conforme prévia da Bradesco Corretora.
As estimativas do BES e Itaú BBA são mais otimistas - R$ 173 milhões e R$ 210 milhões, respectivamente, acima dos R$ 111 milhões do primeiro trimestre do ano passado, mas inferior aos R$ 301 milhões do lucro do último trimestre de 2012.
O recuo da produção de minério afetou fortemente o desempenho operacional da siderúrgica. A Bradesco Corretora prevê um Ebitda de R$ 984 milhões, queda de 0,8% ante um ano atrás e de menos 7,4% na comparação com último trimestre do ano passado, segundo relatório de Alan Glezer. Os números do BES e do Itaú BBA projetam R$ 1,07 bilhão e R$ 1,03 bilhão, respectivamente, para o resultado operacional.
As três instituições estimam um recuo da margem Ebitda da CSN para 23,5% (Bradesco Corretora), 23,6% (Itaú BBA) e 26,4% (BES) comparado com 28,5% um ano atrás e 26,6% do último trimestre de 2012. O ajuste é decorrente da aguardada produção de minério de ferro de 5,05 milhões de toneladas, conforme a Bradesco Corretora e 1,48 milhão de toneladas de aço; 4,7 milhões de toneladas (BES) e 5,1 milhões de toneladas (Itaú BBA) ante 6 milhões de toneladas no mesmo período de 2012.
O problema com o equipamento da mina impediu a empresa de usufruir os ganhos da alta da matéria-prima no período, que ficou em US$ 148, na média, a tonelada, avalia Glezer, da Bradesco Corretora. A CSN comprou minério de terceiros para cumprir compromissos com clientes. Isso deve continuar, pois o problema técnico na mina ainda não foi solucionado.
As estimativas de receita líquida no primeiro trimestre variam de R$ 4,8 bilhões (Bradesco Corretora), R$ 4 bilhões (BES) a R$ 4,4 bilhões (Itaú BBA).
Os bancos e corretoras consultados pelo Valor não alteraram as recomendações para as ações da CSN. O BES manteve "compra" e preço justo de R$ 16,00. O Itaú BBA, underperformance (desempenho abaixo do mercado) e preço de R$ 13,00; a Bradesco Corretora, "neutro", a R$ 14,50. Ontem, a ação da CSN foi negociada a R$ 7,11 na Bovespa com queda de 2,47%.
Para Glezer, da Bradesco Corretora, o preço do papel está baixo, apesar de embutir riscos em operações que poderão não agradar os investidores, tais como aquisição dos ativos de aço da ThyssenKrupp nas Américas, interrupção da operação da mina Casa de Pedra e possível negociação de compra de 40% da participação da Namisa em poder dos japoneses e coreanos - o que pode ocorrer em 2014 -, caso a siderúrgica não atenda as condições de expansão da produção da mina acertadas com os sócios.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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