A melhora do segmento de mineração não deve ser suficiente para ofuscar o enfraquecimento do mercado de aço, principalmente doméstico, no balanço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) do primeiro trimestre, segundo analistas consultados pelo Valor.
Média de projeções de Goldman Sachs, Itaú BBA, J.P. Morgan, Morgan Stanley, UBS e Votorantim aponta para prejuízo líquido de R$ 359,8 milhões no período. Durante os mesmos meses do ano passado, a empresa apresentou lucro de R$ 392 milhões. Além da queda no lado operacional, a dívida em dólar também deve pesar. O grupo divulga suas demonstrações amanhã, dia 12, antes da abertura da BM&FBovespa.
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O banco mais pessimista é o Goldman, com estimativa de perdas em R$ 694 milhões. O Itaú tem projeções menos negativas para a companhia, um prejuízo de R$ 100 milhões. Ao fim de 2015, cerca de 55% do endividamento da siderúrgica era denominado em moeda estrangeira. Com a desvalorização do real, esse montante aumenta.
A CSN, contudo, realiza a chamada contabilidade de hedge, e distorções são menos prováveis em seu resultado financeiro por conta disso. Os passivos só são contabilizados quando efetivamente as receitas esperadas entram no balanço. Possíveis baixas contábeis, contudo, podem também afetar a última linha do resultado.
Os mesmos seis bancos têm média de estimativa de R$ 3,82 bilhões para a receita líquida da empresa. Sobre igual período do ano passado, a queda seria de 4,8%. Para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), a previsão é de R$ 725 milhões, recuo de 20,4%.
O Itaú espera diminuição de 15,9% nas vendas de aço e vê o Ebitda da área desabando 72,8%, para R$ 186 milhões. Pelo outro lado, o Ebitda pode mais que dobrar para a operação de minério de ferro, segundo o banco, fechando em R$ 398 milhões.
Além das iniciativas de corte de custos da CSN, o preço médio do minério, apesar de ter recuado 22%, subiu 6,3% em reais, para R$ 187,62. Mas o JP aposta que a economia nos gastos não foi suficiente para compensar a pressão sobre os preços do minério.
O Goldman cita ainda a chance de novo avanço da alavancagem financeira da siderúrgica. Em dezembro, o índice que relaciona dívida líquida e Ebitda terminou em 8,15 vezes e o banco crê que pode ter chegado a 8,5 vezes em março.
Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo