Após enfrentar o pior ano da recessão, e o único da crise vivida pelo setor de máquinas e equipamentos em que viu seu lucro reduzir, a WEG acredita que 2017 será o ano em que terá início um processo de normalização da economia brasileira e em que a empresa já poderá voltar a crescer. O diretor administrativo financeiro, André Luis Rodrigues, disse ao Valor que isso já fica mais evidente ao se olhar para as projeções de Produto Interno Bruto (PIB): "Uma pequena queda é diferente de uma redução de quase 4%".
Com isso, a empresa se permite ter, para o ano, o que o executivo chama de um "otimismo cauteloso". Dentre as oportunidades que a fabricante vislumbra está o leilão de transmissão de energia elétrica previsto para este semestre. As expectativas para a área de geração de energia, bastante movimentada em 2015, devem ficar mais claras com o leilão de descontratação estruturado pelo governo.
PUBLICIDADE
Mesmo o leilão de transmissão do ano passado ainda deve gerar faturamento para a WEG, no caso de algum contrato ser assinado. O diretor diz que os vencedores das linhas estão agora se movimentando e que conversas já estão sendo travadas. "Nossa expectativa é de que o ambiente vai continuar desafiador, o país vai saindo lentamente da recessão", disse, lembrando que a crise política aumenta as incertezas.
"Primeiro, as empresas começam a fazer o que deixaram de fazer no passado, isso vai progredindo e, dependendo da velocidade com que isso acontece, caminha para eventuais novos ciclos de expansão de capacidade em setores particulares", disse.
A WEG divulgou ontem as demonstrações financeiras do quarto trimestre. A empresa viu seu lucro cair 15,8% em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 323,2 milhões. No ano, a redução na última linha do balanço foi de 3,3%, para R$ 1,12 bilhão. A receita da fabricante caiu 13% no trimestre, para R$ 2,38 bilhões, e 4% no ano, para R$ 9,37 bilhões.
A fabricante projetou um montante de R$ 719,4 milhões em investimentos neste ano. Uma parte, R$ 334,5 milhões, será destinada para ampliação e modernização do parque fabril. Desses, cerca de dois terços devem ir para os projetos da companhia no exterior, notadamente México e também China, e o restante será destinado ao Brasil.
O restante do valor de investimentos é dividido em software, R$ 12,9 milhões, e capital de giro, R$ 372 milhões. No México, a WEG conta com uma unidade de motores industriais e outra de transformadores. No ano passado, cerca de 36% da receita (em dólar) foi obtida no mercado americano.
Apesar da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, com posições polêmicas sobre importação de produtos, especialmente em relação ao vizinho México, Rodrigues não trabalha com uma perspectiva de mudança de planos. A avaliação é de que ainda é muito cedo para saber o que vai acontecer no país. "Em equipamentos eletrônicos industriais, os EUA não têm produção suficiente para atender a demanda interna", destaca. Além disso, ele diz que a WEG não teria dificuldades em alterar o direcionamento da produção mexicana para outros mercados, incluindo o Brasil.
Fonte: Valor