Furtos, roubos e ações violentas preocupam e amedrontam a população que utiliza embarcações como meio de transporte no rio Negro, principalmente na área em frente à cidade de Manaus. Nos últimos dias, balsas, flutuantes, pontões e lanchas têm sido alvo de grupos de piratas armados, com arsenal de grosso calibre.
Na noite do último domingo, por exemplo, frequentadores do flutuante Aquaticus, na margem direita do rio, foram atacados por assaltantes violentos. O ataque ocorreu por volta das 20h, quando aproximadamente 100 pessoas se divertiam no local.
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De acordo com funcionários e clientes do estabelecimento, os criminosos chegaram de lancha usando máscaras tipo balaclava e chegaram gritando “perdeu, perdeu”. Os seguranças do estabelecimento foram os primeiros a serem rendidos e desarmados. Apontando as armas na direção das pessoas, os cassaltantes obrigaram todos a deitarem no chão.
As vítimas também foram obrigadas a ficar caladas e a entregar os seus pertences, principalmente dinheiro em espécie, celulares e jóias. Os ladrões fugiram levando toda a renda do flutuante. O valor não foi revelado. A direção do flutuante preferiu não falar sobre o ocorrido.
O acesso ao flutuante só se dá por meio de embarcações. Conforme as vítimas, depois que a quadrilha saiu, houve certo tumulto de pessoas passando mal, chorando e com medo de pegar a lancha e retornar para casa.
Na madrugada do último sábado, foi registrado um outro assalto. Uma balsa da empresa de Navegação Cidades foi alvo da vez do ladrões. O ataque aconteceu por volta das 2h quando piratas fortemente armados invadiram a embarcação que estava na orla do bairro Colônia Oliveira Machado, na Zona Sul. Eles agrediriam tripulantes e levaram mais de 30 mil litros de combustível.
O roubo à balsa está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD). O delegado titular da unidade, Adriano Félix, disse que não descarta que a ação seja de um “bando especializado” que vem atacando nos rios. Ele informou que já começou as investigações para chegar aos autores do crime. O assalto ao Aquaticus, no entanto, não foi registrado na DERFD.
A polícia não tem o número exato das ocorrências que acontecem no rio em frente à cidade porque muitas vítimas preferem não fazer o boletim de ocorrência (B.O), conforme ressaltou Sindicato de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma).
Sindarma propõe ação conjunta
O Sindarma propõe ação integrada entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), Secretaria de Fazenda (Sefaz), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Polícia Federal e Marinha para o combate ao piratas.
Relatos sobre frequência são unânimes
Na área da Manaus Moderna, qualquer trabalhador sabe de um caso de assalto que não se limita somente a embarcações, mas também aos pontões de combustíveis. Conforme o dono de uma balsa, que preferiu não dizer o nome por temer represálias, os assaltos estão acontecendo todos os dias. “O pontão do meu amigo foi assaltado nesse final de semana. Os caras chegaram abasteceram a lancha e no final anunciaram o assalto”, contou ele.
Tézio Oliveira, 67, que trabalha há 40 anos como comandante de embarcações, disse que já teve colegas que sofreram assaltos e foram feridos à bala. “Eu tomo muito cuidado, fico atento com quem está embarcando na lancha e, quando estou no meio do rio, para as lanchas que se aproximam”.
“Moro no Furo do Paracuuba e os assaltos têm sido frequentes. Estamos precisando de policiamento”, relatou Suziane da Costa, 36.
Fonte: A Crítica