Depois de testar a casa dos 55 mil pontos durante um dos pregões da semana passada, patamar que não era visto desde novembro de 2012, o Ibovespa respirou na sexta-feira e subiu 0,97% com a melhora das bolsas internacionais. Em Wall Street, o índice Dow Jones retomou a linha de 14 mil pontos, com alta de 0,86%, o Nasdaq subiu 0,97%, para 3.161 pontos, e o S&P 500 ganhou 0,88%, fechando aos 1.515 pontos.
A bolsa brasileira escapou de marcar seu pior desempenho semanal no ano, mas ainda assim acumulou baixa de 2%, e fechou aos 56.697 pontos. A incerteza sobre o rumo da política monetária causou volatilidade no mercado.
Profissionais do mercado dizem que o Ibovespa não consegue subir mais em dias positivos no exterior em função das travas da economia local. O estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, diz que o IPCA-15, divulgado na sexta-feira, reforça a expectativa de alta da inflação e, como consequência, os temores de alta dos juros. Com isso, a renda variável fica menos atraente.
Nesta semana, outros fatores prometem manter a pressão sobre o mercado e impedir uma recuperação mais consistente do índice. Hoje, os mercados reagem ao resultado das eleições na Itália, ao dado preliminar de atividade industrial na China e também ao corte do rating 'Aaa' do Reino Unido pela agência Moody's.
Além disso, devem ganhar força nos EUA as discussões sobre o chamado "sequestro", o corte automático nos gastos do governo. Na sexta-feira, o presidente Barack Obama afirmou que espera um acordo nos próximos dias.
Por aqui, as atenções recaem sobre o balanço da Vale, na quarta-feira. As ações da mineradora possuem o maior peso entre as componentes do Ibovespa. A divulgação do PIB de 2012, na próxima sexta-feira, promete alimentar as apostas sobre juros, dólar e inflação, com efeitos na bolsa.
Na sexta passada, a correção técnica do Ibovespa foi puxada pelas ações de bancos, novamente sob a expectativa de alta dos juros, e também por ações de construção e papel e celulose. OGX chegou a disparar na abertura do pregão, ainda impulsionada pela informação publicada pelo Valor, de que Eike Batista negocia a venda de parte da empresa para a Petronas, da Malásia.
Entre as ações mais negociadas, Vale PNA recuou 2,06%, para R$ 34,10; Petrobras PN perdeu 0,98%, para R$ 17,15; e OGX ON terminou em leve baixa de 0,27%, a R$ 3,59. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, declarou que a Petrobras está em condições de cumprir os investimentos previstos sem qualquer quebra do seu plano de negócios.
Na ponta positiva do Ibovespa ficaram Gafisa ON (8,43%), Suzano Papel PNA (6,48%) e Brookfield ON (6,08%). A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) informou que as vendas do setor cresceram 5,4% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2012. Para este ano, a entidade espera uma expansão de 4,5%. A notícia ajudou a impulsionar os papéis de construtoras, que vinham de uma sequência de pregões em baixa. A fabricante de louças, metais e pisos de madeira Duratex terminou com ganho de 4,25%.
Já Suzano e também Fibria ON (4,0%) subiram embaladas pela informação de que a Suzano fechou um reajuste de US$ 20 por tonelada de celulose, para US$ 870 na América do Norte e US$ 820 na Europa, a partir de 1º de março. Este será o segundo aumento da commodity no ano. Em janeiro, a empresa elevou os preços em US$ 30.
A lista de maiores baixas trouxe Vale ON (-2,67%), JBS ON (-2,60%) e Usiminas ON (-2,55%). O mercado aguarda com cautela o julgamento pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que avaliará de uma vez só todas as operações de aquisição feitas pelo frigorífico.
Fonte: Valor / Téo Takar e Aline Cury Zampieri
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