SÃO PAULO - A fim de acirrar a competição com as maiores produtoras mundiais, a mineradora BHP Billiton anunciou ontem, segunda-feira, durante evento em suas instalações no oeste australiano, que pretende cortar em 25% seus custos de produção de minério de ferro, para menos de US$ 20 por tonelada. Os valores não incluem gastos com carga e royalties — hoje esse patamar é de US$ 25,89.
Na opinião da anglo-australiana, isso será possível com investimento mínimo, elevando a extração da commodity nas minas e resolvendo alguns gargalos nos portos próximos, para exportar o produto. As iniciativas aumentariam a capacidade produtiva local em cerca de 65 milhões de toneladas por ano — ou quase 30%.
A decisão da BHP de traçar esse rumo contrasta com a atual tendência de queda das cotações de minério de ferro, mas Jimmy Wilson, presidente dessa unidade da mineradora, explicou que a projeção ainda é de boa demanda vindo da China. A produção siderúrgica no país, por exemplo, deve avançar 25% até meados da década de 2020, disse.
“E, ao mesmo tempo, nós vemos outras economias emergentes aumentando a fabricação de aço com a urbanização e a industrialização das nações”, acrescentou. “A taxa média de crescimento anual da produção global deve ficar entre 2,5% e 3% de agora até 2030.”
Para alcançar a capacidade 290 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o grupo quer gastar no máximo US$ 5 por tonelada em custo de capital. As medidas tornariam a empresa, segundo o comunicado, a mais barata fornecedora do insumo à China — ultrapassando a conterrânea Rio Tinto e a brasileira Vale.
A maior parte das economias de despesas, de acordo com apresentação que balizou a visita de investidores à unidade, viria com otimização de processos e produção de um minério com maior qualidade. Na opinião da BHP, apesar de a perspectiva ser de oferta maior que a demanda pela commodity no médio prazo, o crescimento da quantidade de projetos de baixo custo ainda manterá o setor rentável. “Os altos preços [do minério] na última década incentivaram novos entrantes e levaram os produtores tradicionais a elevarem capacidade”, lembrou Wilson.
Sobre Samarco, projeto de pelotas que opera em conjunto com a Vale no Espírito Santo, a anglo-australiana ressaltou que a expansão para 30,5 milhões de toneladas por ano está dentro do programado para ser finalizada até o término do ano fiscal de 2015.
Fonte: Valor Econômico/ Renato Rostás
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