O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não está preocupado com sua participação acionária nas empresas do grupo X, afirmou o diretor do banco de fomento, Julio Cesar Ramundo, com exclusividade ao ValorPRO, serviço de tempo real do Valor. Ele classificou a fatia do BNDES em ações do grupo como "irrisória". "Estamos muito tranquilos com a nossa participação acionária no grupo X", afirmou.
Ramundo disse, entretanto, que o banco de fomento acompanha o grupo permanentemente, e destacou que seu compromisso é com o negócio em si. Ele deu a entender que, caso a reestruturação do grupo seja bem sucedida, não tem porquê o banco se desfazer dos papéis. "A situação [do grupo X] está sendo solucionada. Várias operações estão sendo feitas e o banco acredita que vai ser um final de sucesso, na forma de uma reestruturação do grupo", explicou o diretor.
Ramundo assegurou que as participações que o BNDES têm no grupo X estão alocadas em ativos que já dão retorno, como a antiga MPX, por exemplo, que agora responde pelo nome de Eneva. "Ela [Eneva] foi adquirida pela E.ON, uma companhia de destaque internacional", afirmou o executivo. "A qualidade e potencial [da Eneva] foram ratificados por uma empresa que atua globalmente", continuou.
Caso reestruturação de ativos da EBX seja bem sucedida, BNDES pode não se desfazer de papéis, diz diretor
O diretor do BNDES disse que a participação na Eneva é de 10% e destacou que o ativo está operando e funcionando. "Temos crença de que terá sucesso muito grande no futuro."
Segundo Ramundo, até a participação do BNDES em operações do grupo X foi baixa. "Só para dar uma ideia, o grupo X captou mais de R$ 20 bilhões em equity nos últimos anos, e a participação do BNDES nessas operações foi da ordem de 2% a 3%. Foi muito pequena, muitas vezes motivada por operações de IPO [oferta pública inicial de ações], ou em algumas situações para compor carteira", explicou.
Além da participação do banco de fomento nas empresas controladas pela EBX, outra preocupação do mercado é sobre a volatilidade dos papéis de empresas nas quais o banco tem participação. Isto porque, para alguns, o banco de fomento estaria perdendo dinheiro com a desvalorização de empresas onde tem fatias, por meio do seu braço de participações, a BNDESPar. A instabilidade do mercado de ações este ano impactou fortemente o lucro da BNDESPar no segundo trimestre, com queda de 66,7% no lucro observado, na comparação com igual trimestre de 2012.
"Nós nos entendemos como um investidor de longo prazo, o que o mercado internacional chama de capital paciente. O BNDES não é gestor de um fundo de ações", afirmou. Ramundo defendeu que o papel do BNDES é de enorme responsabilidade na aplicação de recursos. "Nos últimos anos os lucros de nossas participações têm sido bilionários. Agora, em momentos em que a gente tem uma piora de mercado, naturalmente isso se expressa no lucro da BNDESPar. São movimentos passageiros", disse.
O diretor reafirmou, ainda, o compromisso do banco em construir companhias mais fortes, que possam posicionar o Brasil em um cenário global. "Não temos visão fechada, [restrita] ao mercado interno. Queremos construir competitividade no padrão internacional", concluiu.
Na avaliação dele, a queda estrutural nos juros do país, já em curso apesar da recente alta da Selic, vai estimular a abertura de capital de empresas menores. "Nós, do banco, acreditamos que no horizonte de médio prazo [três ou quatro anos] vamos desenvolver um segmento específico, um nicho, para abertura de capital de empresas médias". Segundo Ramundo, esse mercado já existe em outros países e há uma lacuna no Brasil.
"Certamente com a queda na taxa de juros que a gente vislumbra ocorrer nos próximos anos, vai ter um apetite ao risco muito maior, então vai haver certamente um mercado para esse tipo de empreendimento também", disse. Ele lembrou que o Bovespa Mais é o espaço para essas empresas menores e que está sendo remodelado em conjunto com a BM&F Bovespa, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e outras instituições de mercado.
Fonte:Valor Econômico/Elisa Soares | Do Rio
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