A produção de milho na segunda safra 2018/19 do Brasil deve crescer cerca de 21 por cento ante a passada, puxada tanto por um aumento de área quanto por perspectivas de melhores produtividades, embora incertezas pairem sobre o mercado após perdas na colheita soja, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta terça-feira.
Conforme a média de nove estimativas de consultorias e entidades do setor, o Brasil deverá produzir 65,3 milhões de toneladas de milho na chamada safrinha, contra 53,9 milhões na temporada anterior, marcada por condições adversas em várias regiões, sobretudo no Paraná.
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Tal incremento é puxado, em parte, pela área 4,2 por cento maior ante 2017/18, segundo a pesquisa, que apontou um plantio de 12 milhões de hectares para a safra que será colhida em meados do ano. A safrinha responde por cerca de dois terços da produção nacional de milho.
A expansão reflete o ânimo do produtor com os preços. O indicador de milho do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, está cerca de 20 por cento acima do visto um ano atrás, na casa dos 41 reais por saca.
Em paralelo, há tempos não se via uma janela de plantio tão “ideal”. Com a colheita de soja adiantada, produtores estão avançando também com a semeadura do cereal de safrinha, deixando as lavouras por mais tempo expostas ao período de chuvas, o que pode lhes garantir melhores rendimentos.
“Estamos otimistas porque o cumprimento adequado da janela de cultivo da soja diminuiu os riscos climáticos associados ao cultivo do milho”, afirmou o analista Vitor Belasco, da IEG FNP.
Com o plantio em uma época mais favorável, a produtividade poderia atingir 5,13 toneladas por hectare, ante 4,67 toneladas no ano passado, segundo estimativa preliminar do Rabobank, baseada em linha de tendência.
No Paraná, Estado mais afetado pela estiagem durante a safrinha do ano passado, as condições estão melhores agora. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), mais de 90 por cento das lavouras encontram-se em estágio bom, e o Estado tende a elevar a colheita em 40 por cento.
Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro do cereal, a expectativa do Imea é de produtividades cerca de 3 por cento superiores, acima de 6 toneladas por hectare. O Estado deve produzir quase 29 milhões de toneladas de milho na segunda safra 2019/19.
Belasco, da IEG FNP, acrescentou ainda que, graças ao dólar apreciado durante a corrida eleitoral, o produtor conseguiu antecipar a comercialização a preços remuneradores, obtendo financiamento necessário para arcar com os investimentos que podem garantir maiores rendimentos agrícolas.
PREOCUPAÇÕES
Apesar do cenário favorável, o mercado não descarta riscos à segunda safra de milho do Brasil. E o temor recai basicamente sobre o clima, já que a estiagem que prejudicou a soja deixa os produtores receosos.
“O produtor está muito cauteloso. A irregularidade do clima é um fator de peso na decisão dele. Paraná e Mato Grosso do Sul tiveram perdas muito significativas (com a soja). Então o produtor vai ficar com o pé atrás para aumentar essa área (de milho). Vai tomar essa decisão em cima da hora”, disse a analista Alaíde Ziemmer, da AgRural.
Em paralelo, uma nova tributação em Mato Grosso também enfurece os produtores, com impacto maior previsto na semeadura de 2020.
Fonte: Reuters