O Brasil está investigando a China para verificar se os laminados de alumínio estão sendo vendidos para o País por preço menor do que o cobrado no mercado interno chinês, prática denominada dumping, com o intuito de prejudicar a indústria brasileira.
Porto
“Foram apresentados elementos suficientes que indicam a prática de dumping nas exportações da China para o Brasil do produto objeto da investigação, e de dano à indústria doméstica resultante de tal prática”, informou a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex).
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A investigação foi aberta após denúncia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). Se ficar comprovado que houve mesmo a prática de dumping, os produtos chineses poderão ser sobretaxados para entrar no Brasil. O processo pode durar de 10 meses a 18 meses, mas pode ser adotada medida preventiva antes da finalização.
De acordo com o presidente da Abal, Milton Rego, há indicação de aplicação de uma sobretaxa de mais de 50% - a decisão será da Secex. “Nos últimos dois anos, a situação ficou dramática porque aumentou muito a importação de produtos laminados chineses e a participação do país nas importações. A indústria brasileira concorre em situação igual de competitividade com empresas de vários países. O que não podemos admitir são empresas brasileiras concorrendo com um país”, afirmou.
A competição no mercado de alumínio ficou ainda mais acirrada nos últimos anos, depois de os Estados Unidos barrarem o produto chinês e adotarem, em 2018, uma sobretaxa na importação do produto de vários países, inclusive do Brasil, que tem que pagar 10% a mais para entrar no país. Na época, também foram adotadas medidas protecionistas contra o aço, como uma cota máxima para a importação do produto brasileiro.
Na quinta-feira, 6, os norte-americanos reacenderam a guerra nesse mercado ao anunciar que voltarão a sobretaxar em 10% as importações de alumínio do Canadá, país que estava de fora da cobrança.
A China é o maior exportador mundial, responsável por mais da metade da produção do mundo de alumínio. De acordo com Rego, dos dez principais mercados produtores de alumínio, apenas o Brasil, o décimo, não adotou medidas protetivas. Mercados como Estados Unidos, União Europeia, Turquia, México e Índia colocaram barreiras à compra do produto chinês.
Em 2019, as lâminas de alumínio da China corresponderam a 56,6% do total importado. Em 2009, o produto chinês era 11,4% do total importado. No ano passado, o Brasil importou 229,3 mil toneladas e exportou 144,5 mil toneladas. Desse total, 42,7% foi vendido para os EUA e 22,4% para a Argentina, os principais destinos do produto brasileiro.
Fonte: Estadão