A Braskem, maior produtora de resinas das Américas, e a Petrobras, uma das duas acionistas majoritárias da petroquímica, ainda não chegaram a consenso sobre o contrato de suprimento de nafta que acaba no dia 28, apurou o Valor. Representantes das duas empresas voltaram a negociar novo aditivo, depois de as conversas terem sido interrompidas pela mudança da diretoria da estatal, mas ainda não há decisão sobre a prorrogação dos termos atuais ou a assinatura de novo contrato de longo prazo.
A Petrobras confirmou que "as companhias ainda não convergiram na negociação da renovação do contrato e permanecem os esforços na busca de um acordo, considerando alternativas de curto ou longo prazo". "Petrobras e Braskem vêm discutindo há cerca de um ano e meio a renovação do contrato de fornecimento de nafta. Permanecem as conversações envolvendo os representantes das duas empresas na busca de uma solução que seja satisfatória para ambas as partes", informou.
O acordo original venceu há um ano e, desde então, foram celebrados dois aditivos de seis meses cada, diante do impasse relativo aos preços da nafta, principal matéria-prima da Braskem. A Petrobras, que fornece 70% das 10 milhões de toneladas consumidas anualmente pela petroquímica, tenta repassar os custos com a importação do insumo, o que poderia elevar em 5% a 7% os valores do contrato, de aproximadamente R$ 10 bilhões por ano. A Braskem, por sua vez, luta pela redução dos preços, na esteira do barateamento de matérias-primas petroquímicas no mercado internacional.
A indefinição sobre o contrato, cujo vencimento em 28 de fevereiro coloca em risco o abastecimento de nafta à petroquímica, se arrasta há quase dois anos. As negociações em torno de um novo acordo de longo prazo tiveram início em 2013 e foram prejudicadas inicialmente pelas investigações da Operação Lava Jato e recentemente com a saída da direção da estatal.
Há dez dias, o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, disse que a tendência, devido ao prazo apertado para retomada das negociações com a nova diretoria de Abastecimento da estatal, seria a adoção do terceiro aditivo ao contrato, com os mesmos termos firmados no fim de agosto, quando houve a segunda prorrogação. Porém, ainda não há consenso sobre o acordo, que manteria em aberto os preços da nafta adquirida da estatal - o valor efetivo do insumo somente será conhecido quando as empresas definirem a fórmula de preços do novo contrato de longo prazo.
Na quinta-feira, a tonelada da nafta CIF ARA (Amsterdã-Roterdã-Antuérpia) era negociada a US$ 500,75, com alta de 20,7% desde o início do ano, impulsionada pela recuperação dos preços do petróleo. Em janeiro, porém, a matéria-prima atingiu o piso dos últimos 12 meses, com valores bem próximos a US$ 350 por tonelada. Até o fim de agosto do ano passado, os preços pagos pela Braskem à Petrobras consideravam, entre outras variáveis, a média móvel da cotação nos três meses anteriores.
Segundo a Braskem, é impossível trabalhar com 100% de matéria-prima importada - hoje, só 30% vêm do exterior - e o repasse dos custos de importação pela Petrobras não é justo. Pois, argumenta, eles decorrem da decisão da estatal de usar mais nafta de produção própria na mistura de gasolina tipo A, etanol e nafta, (usada como combustível) e lhe atender com insumo de terceiros.
Fonte:Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo
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