A Braskem anunciou ontem que construirá uma nova fábrica no polo industrial de Camaçari para atender a duas demandas do governo federal nos próximos anos: a necessidade de tecnologia mais avançada para a exploração do pré-sal e a confecção de material para uso militar.
Com tecnologia 100% brasileira, a nova planta produzirá a fibra de Utec (fio de polietileno de ultra-alto peso molecular), um material muito mais leve que o aço, mas com resistência semelhante. Com conclusão prevista para 2015 em um cenário otimista, o empreendimento marcará a entrada na indústria têxtil da Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas.
Na primeira e segunda fases do projeto, que incluíram o desenvolvimento inicial da tecnologia e a construção de uma planta piloto em Camaçari, já foram investidos aproximadamente R$ 35 milhões, com recursos da Braskem, bem como dos governos estadual e federal. De 2004 a 2009, na primeira fase do projeto, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação forneceu um aporte de
R$ 600 mil, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.
Na segunda fase, entre 2009 e 2012, o governo estadual forneceu R$ 6,3 milhões por meio do Programa Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica, enquanto o governo entrou com R$ 8,5 milhões, com verba da Financiadora de Recursos e Projetos (Finep). A participação da Braskem foi da ordem de R$ 10 milhões.
A fibra de Utec é uma alternativa aos cabos de ancoragem das plataformas de exploração de petróleo existentes hoje - confeccionadas em aço ou poliéster - já que combina melhor rigidez, resistência e leveza, características fundamentais para exploração em alta profundidade, entre 2 mil e 3 mil metros, como é o caso do pré-sal. Já na área da defesa nacional, a fibra será usada na confecção de coletes à prova de balas.
O material se adequa às necessidades de países tropicais como o Brasil, por ser mais leve e apto ao calor. "A marca da fibra de Utec é combinar leveza com resistência, o que mais se procura hoje na indústria de extração de petróleo", explicou o gerente do projeto, Alessandro Bernardi. O foco da Braskem será o mercado interno, mas exportações não estão descartadas.
A expectativa é que a fábrica tenha capacidade para suprir a demanda do mercado interno, estimada entre 1 e 1,5 mil toneladas/ano da fibra. A nova planta deve começar a ser construída em 2013. Como o plano de negócios ainda não está concluído, a empresa não soube informar qual será o investimento final, a origem dos recursos e o número de empregos diretos gerados.
Fonte: Correio da Bahia/Victor Longo
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