A demanda crescente em torno da exploração do pré-sal no litoral do Sudeste brasileiro vem criando um ambiente propício para a formação de cadeias de fornecedores do setor de petróleo e gás. As redes envolvem Arranjos Produtores Locais (APLs), grandes empresas transnacionais e centros tecnológicos e de pesquisa.
O Rio de Janeiro já é o exemplo consolidado de cadeia que atua em função do petróleo, com grandes empresas de serviços, agências de desenvolvimento tecnológico e incubadoras se instalando, especialmente, na Ilha do Fundão. Outras redes de fornecedores estão se formando em Macaé (RJ), em Santos (SP) e no Estado do Espírito Santo, onde operadoras estão instaladas. Irrigadas pelos gigantescos investimentos da exploração, as empresas e as pesquisas das universidades no entorno das regiões se multiplicam.
Esse salto é ilustrado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores de Bens e Serviços relacionados ao setor de Petróleo e Gás Natural (BNDES P&G), com vigência até dezembro de 2015. O objetivo do programa é buscar soluções para alguns dos entraves à competitividade e ao desenvolvimento do setor, entre eles a dificuldade de crédito, o elevado custo de capital e o acesso à tecnologia de ponta. Com um orçamento da ordem de R$ 4,3 bilhões e uma carteira de 27 pedidos, o BNDES se debruça em análises para a concessão de financiamentos. "Desse total, nove já foram contratadas e outras três obtiveram a aprovação. O volume solicitado de financiamento é de R$ 3,1 bilhões para um total de investimentos de R$ 4,3 bilhões", afirma Ricardo Cunha, chefe do departamento da cadeia produtiva de petróleo e gás do BNDES.
Pelas contas de Cunha, somando as operações contratadas e as que já foram aprovadas, a estimativa é desembolsar cerca de R$ 700 milhões para a cadeia produtiva neste ano. "Para 2013, a previsão é de algo ao redor de R$ 1 bilhão."
O setor também será favorecido por medidas do Plano Brasil Maior. Entre as ações previstas estão o apoio ao desenvolvimento de APLs e governança sustentável, a identificação de potenciais fornecedores, o fomento às oportunidades financeiras e tributárias e o aprimoramento à inteligência em logística. O detalhamento das ações será feito à medida que os programas forem definidos. "Não há um conjunto de indústrias amparando essa atividade de APLs no Brasil como se vê na Noruega, que tem vários 'clusters' tecnológicos montados especificamente para certas atividades", diz Jorge Boeira, da Área de Energia da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Em sua opinião, é preciso trabalhar o conceito de APLs, tanto para fornecedores da Petrobras como para quem fornece para os estaleiros, por exemplo.
Fonte: Valor Econômico / Rosangela Capozoli
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