A CSN está tentando se transformar em uma das principais fabricantes de cimento do Brasil, mas sua proposta pela Cimpor tem no caminho o convite de fusão feito pela Camargo Corrêa para a cimenteira portuguesa.A Camargo Corrêa - com operações que vão de construção a têxteis e calçados - revelou ontem uma proposta para ser sócia minoritária em uma companhia que reuniria seus ativos de cimento com os da Cimpor.Se for bem-sucedida, formará a segunda maior fabricante do insumo do Brasil.
Além disso, reforçará a posição da Camargo Corrêa na América do Sul, uma vez que a empresa é controladora da Loma Negra, maior cimenteira da Argentina. No Brasil, o maior produtor de cimento é o grupo Votorantim, que tem cerca de 40% de participação de mercado.
Fechar o negócio depende de decisão da Assembleia Geral de acionistas da companhia portuguesa. A CSN , que ofereceu 5,75 euros por ação da companhia, num total de 3,68 bilhões de euros, teve a proposta rejeitada pelo Conselho de Administração da Cimpor, que está se mostrando receptivo à Camargo. "Esta proposta pretende servir de base às negociações entre as duas empresas, ficando a fusão dependente da existência de acordo, entre ambas, quanto aos termos finais da mesma", informou a Cimpor em nota.
A disputa acontece em um momento em que o setor de construção civil brasileiro passa por forte expansão, motivando alta de 30% no faturamento das produtoras de cimento em 2008, relativa estabilidade em 2009 e previsões de retorno da expansão a partir deste ano.
De acordo com a analista Ana Barros, da empresa de pesquisa Lafis, a Camargo Corrêa já vem há algum tempo aumentando sua aposta no setor de cimento. Segundo ela, a produção de cimento da Camargo Corrêa no Brasil cresceu 29% entre 2007 e 2008, para 4,6 milhões de toneladas.
Já a líder Votorantim registrou alta de 9,9%, para 21,3 milhões de toneladas, e a CSN iniciou a comercialização de cimento apenas no ano passado. Na avaliação da analista, a CSN enxerga na Cimpor uma chance de entrar com força num segmento muito concentrado no Brasil por conta do domínio da Votorantim Cimentos.
"Tem muitas barreiras para outras empresas entrarem, é difícil para novatas ingressarem no mercado pela própria concorrência. Não tem como bater preço com a Votorantim sendo pequeno, tem que ser grande", afirma Ana Barros.
"É difícil falar, mas acredito que a Camargo Corrêa deve vencer a disputa, porque em termos de sinergias a fusão com a Camargo Corrêa é mais interessante, porque eles já trabalham com cimento. Não que a CSN não tenha capacidade de desenvolver esse negócio, mas para a CSN esse é um segmento novo", acrescenta a analista.
OBJEÇÕES. A especialista da Lafis acredita que órgãos antitruste do Brasil não devem fazer objeções para a eventual união da Camargo Corrêa Cimentos com a Cimpor. "As duas somadas na produção não chegam a 20% do mercado. Mesmo regionalmente, as fábricas delas estão em Estados diferentes. Unidas, teriam 18% de participação no mercado brasileiro de cimento, com uma produção de 9,33 milhões de toneladas, conforme a analista.
O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, ressalta a capacidade de gestão da CSN nos negócios, mas aponta que, se a siderúrgica elevar seu preço, "o mercado deve reagir bem mal, porque já tinha reagido mal na primeira oferta". Para ele, a avaliação do mercado de que a CSN - cujas atividades principais são aço e minério de ferro - já está pagando caro para reforçar uma área que não é central para a companhia é exagerada.
"Parte do 'core business' da CSN está em expor-se a outros mercados. Eles tem uma equipe de administração muito boa que não teria dificuldade em gerir a empresa.P ara a Cimpor o que interessa na decisão é preço e vontade de se desfazer do controle. Se falar que você quer ser vendido, ninguém vai pagar caro por você", acrescentou.
CSN pode ampliar fatia na Riversdale
A CSN recebeu aval das autoridades australianas para ampliar a sua fatia indireta no capital social da mineradora Riversdale para 16,1%, a partir da compra de 2.482.729 ações dessa empresa, ao preço de 6,10 dólares australianos por papel. A operação deve movimentar 15,144 milhões de dólares australianos (US$ 13,9 milhões).
Em novembro do ano passado, a companhia anunciou a compra de 14,99% da Riversdale - produtora de carvão mineral cque atua na África do Sul e Moçambique - por 175,3 milhões de dólares australianos (US$ 160,85 milhões). Só que a empresa de Benjamin Steinbruch ainda carecia de autorização de autoridades australianas quanto aos investimentos estrangeiros para dar andamento a segunda etapa da aquisição.
(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/DA AGÊNCIA REUTERS)
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