O Ceará quer receber novas empresas dos setores de granito e rochas ornamentais, calçados e autopeças. Para atrair investidores, oferece uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que acaba de ser ampliada para seis mil hectares de área, além da infraestrutura do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a 60 quilômetros da capital Fortaleza. O terminal abriga a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), avaliada em US$ 5,4 bilhões, e considerada o maior investimento privado do Estado.
"Algumas cidades do Nordeste podem até ter bons portos, mas nenhuma conta com uma ZPE como a nossa", diz Antonio Balhmann, assessor especial para assuntos internacionais do governo do Ceará. ZPEs são distritos industriais incentivados, em que as empresas instaladas operam com suspensão de impostos e liberdade cambial.
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Além da CSP, a ZPE, aberta em 2013, abriga hoje três empresas, como a d , de fabricação de gases industriais; a Vale Pecém, de fornecimento de minério de ferro para a CSP; e a Phoenix do Brasil, de serviços siderúrgicos. A meta do governo é que mais 15 companhias desembarquem no local até o final de 2018.
"Boa parte das novas aquisições será de grupos da área de granito e rochas ornamentais, que precisam de um terminal para exportar a produção", diz Balhmann. Em 2016, o jornal inglês Financial Times elegeu a ZPE cearense como a melhor da América Latina e Caribe por conta da capacidade de atração de investimentos.
Há cinco meses, o governo estadual também assinou um memorando de entendimento com a coreana Korea Gas Corporation (Kogas) para a construção de um complexo de produção de gás, avaliado em US$ 600 milhões, em Pecém. A empresa é a maior em produção e fornecimento de gás natural do país asiático. "A estimativa é produzir 12 milhões de metros cúbicos de gás, ao dia", diz Balhmann, que foi à Seul para firmar o acordo.
Enquanto novas empresas planejam desembarcar no terminal, o complexo portuário de 13,3 mil hectares caminha para a sua segunda expansão, com 81% das obras concluídas. Em 2016, o governo entregou a segunda correia transportadora de minério de ferro. Agora, o nono berço de atracação apresenta 80% do projeto executado e uma nova ponte de acesso segue em construção, com 44,4% de avanço nos serviços. A previsão é que as obras sejam entregues até o fim de 2017.
Com o aumento da demanda no porto, o governo acelera a implantação da rodovia CE-576, conhecida como Rodovia das Placas. Com 20% de execução, a via faz parte das obras para atender a CSP.
Focada na produção de placas de aço, a siderúrgica deve ser oficialmente inaugurada este semestre, segundo a empresa. A unidade, que emprega mais de cinco mil trabalhadores, é uma joint-venture formada pela brasileira Vale, com 50% de participação; e as sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora global de placas de aço, e a Posco (20%), considerada a quarta maior siderúrgica do mundo. Tem capacidade para entregar até três milhões de toneladas de placas de aço ao ano.
Em produção desde junho de 2016, a planta comemorou em dezembro a marca de um milhão de toneladas de placas. Os produtos foram exportados para mais de dez países, como Alemanha e Estados Unidos. A CSP informou que, ao longo de 2016, foram aportados R$ 254 milhões em compras de bens e serviços no Ceará. A estimativa é adquirir mais R$ 520 milhões anuais, a partir deste ano.
Com os investimentos, Ricardo Belo, sócio de advisory da consultoria EY em Fortaleza, afirma que o Estado deve ter, em 2017, um crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). "A taxa é, mais uma vez, acima da perspectiva para o país, que deve registrar um aumento próximo a 0,5%."
Segundo ele, o governo precisa continuar o diálogo com órgãos de financiamento e o setor privado para atrair mais recursos e conquistar a confiança do investidor que quer fazer negócios no Estado.
É o caso da Sunlight Energy Brasil, fundada pelo cearense Clayton Medeiros, que se prepara para instalar uma fábrica de produção de painéis fotovoltaicos, para a captação de energia solar. O investimento é de R$ 150 milhões. Em 2016, a empresa negociou parte de suas cotas para a chinesa Hareon Solar, com filiais na Europa, Estados Unidos e Ásia. "O plano é faturar é R$ 90 milhões, até o final de 2017."
Fonte: Valor