A demanda mais fraca da China e o excesso de oferta global levam o minério de ferro novamente para perto da mínima do ano. O preço estava ontem em US$ 91,90 por tonelada no mercado à vista chinês, queda de 32% desde o início do ano. Para o quarto trimestre, analistas esperam uma cotação um pouco maior do que a atual, próxima dos US$ 100 por tonelada.
O preço médio esperado para este ano é de US$ 105, na média das projeções de dez bancos consultados pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor. Atualmente, a média de 2014 está em US$ 108 por tonelada, 20% abaixo dos US$ 135 do ano passado.
A analista Melinda Moore, do Standard Bank, diz que o excesso de minério e a falta de demanda firme têm deixado o mercado mais fraco na China, principal consumidor global da commodity. As siderúrgicas da China são responsáveis por aproximadamente dois terços das compras globais de minério de ferro - em um mercado com oferta estimada em cerca de 2,16 bilhões de toneladas neste ano.
O excesso de oferta tem sido o assunto mais comentado por analistas do setor neste ano. O forte aumento de produção está levando o preço do minério de ferro a um novo patamar, mais baixo do que o dos últimos anos. O Barclays, por exemplo, prevê um volume adicional próximo de 190 milhões de toneladas neste ano e de 130 milhões de toneladas em 2015.
As maiores mineradoras do mundo na área - Vale, Rio Tinto, BHP Billiton e Fortescue Metals - são as principais responsáveis por esse aumento. Somente as três australianas devem elevar a oferta em 100 milhões de toneladas neste ano, nas contas do Citi.
Levando em conta esses volumes adicionais e o crescimento, mesmo mais fraco, da economia chinesa, é que os analistas calculam um equilíbrio do preço entre US$ 90 e US$ 100 por tonelada até o fim deste ano. Para os próximos anos, as projeções são de preços médios um pouco inferiores, justamente por causa da elevação da produção global.
Mesmo como uma eventual desaceleração das compras chinesas, as expectativas não são de cotações inferiores a US$ 90 por tonelada neste ano. Quando os preços rompem este patamar, muitas companhias deixam de ter suas operações viáveis e reduzem a produção, principalmente na China. Ivan Szpakowski, analista do Citi, diz que a produção chinesa já está diminuindo nos últimos meses por causa da queda do preço do produto.
Ele estima uma cotação de US$ 100 por tonelada no quarto trimestre e diz que espera que um quinto da produção da China já esteja sendo cortada com os patamares atuais de preços do minério. "Estimamos que perto de 20% da capacidade deve ser eliminada se os preços seguirem abaixo de US$ 100", afirma o analista em relatório. "Isso deve impedir qualquer queda sustentada de preço abaixo de US$ 90 por tonelada até o fim de 2014", diz. Segundo levantamento do Citi, A taxa de utilização da capacidade de 70 minas pequenas e médias caiu de 80% no fim do ano passado para perto de 65% recentemente.
Norbert Ruecker, chefe de análise de commodities do banco Julius Baer, prevê valor de US$ 90 por tonelada para o minério de ferro no fim deste ano e início de 2015. Ele diz que o excesso de oferta no mercado é motivo para preocupação e acrescenta que o setor imobiliário está em desaceleração na China, o que afeta o setor siderúrgico.
Nos últimos dias, o ritmo de negócios no mercado físico de minério na China está mais fraco, enquanto dados piores da atividade industrial têm ajudado a deixar os preços pressionados. A queda de ontem foi a quarta seguida do preço do minério. Com isso, a cotação se distanciou da máxima do mês, de US$ 96 por tonelada, registrada no dia 7, e voltou a caminhar rumo à mínima do ano, de US$ 89 por tonelada, em 16 de junho. Todos os valores são do minério com concentração de 62% de ferro negociado no mercado à vista da China.
O HSBC divulgou ontem seu índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial chinês, o que trouxe ao mercado novas preocupações com o ritmo de expansão do país e ajudou a manter um sentimento mais negativo no mercado do aço e de sua matéria-prima. O indicador ficou em 50,3 na leitura preliminar de agosto, abaixo dos 51,7 de julho.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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