Enquanto os países europeus e os Estados Unidos se preocupam com os reflexos da crise financeira internacional, a China se concentra em preparar seus complexos marítimos para a retomada da economia mundial. Essa estratégia pode ser observada em Shenzhen, o quarto porto do planeta em movimentação de contêineres e o terceiro mais importante da nação asiática. Nos últimos anos, ele deu início à exploração de sua nova área de expansão, a Baía Da Chan. Quando totalmente implantados, os terminais previstos para essa região vão ampliar a capacidade de Shenzhen para operar contêineres para mais de 40 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) anuais.
A área de expansão do complexo asiático foi visitada no último sábado por empresários e autoridades do Porto de Santos e da Baixada Santista. Eles estão na China, conhecendo os principais portos do país, desde quarta-feira passada. Já passaram por Xangai (o maior do mundo em operação de contêineres) e Ningbo (o sexto do planeta e o quarto da China). Também será visitado Hong Kong, atualmente em terceiro lugar no ranking mundial dos maiores portos em movimentação de contêineres.
A viagem complementa a programação da 9ª edição do Santos Export – Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos, que ocorreu em agosto passado, em Santos. Desde 2005, junto como seminário, é promovida uma viagem a portos de destaque no mundo. Pela primeira vez, a Ásia foi escolhida como destino. Tanto o fórum como as visitas internacionais são uma iniciativa do Sistema A Tribuna de Comunicação e uma realização da Una Marketing de Eventos.
Fundado em 1979, o Porto de Shenzhen está localizado na província de Guandong, a quase 2 mil quilômetros ao sul da capital, Pequim, na parte Sul do delta do Rio das Pérolas, uma das mais importantes regiões econômicas do Sul da China e onde também estão a ilha de Honk Kong e Macau. Como ocorre nos demais complexos da nação asiática, o porto é administrado pela prefeitura. A cidade foi a primeira das cinco zonas econômicas especiais (ZEE) da China, denominação dada para as áreas onde o país permite a abertura de mercado, práticas capitalistase o estímulo à exportação.
Seus dez terminais marítimos, comberços de águas profundas, movimentam de contêineres a carga geral, de granéis sólidos e líquidos a passageiros. No ano passado, o complexo portuário registrou a operação de 221 milhões de toneladas. Somente em contêineres, foram 22,51 milhões de TEUs. Santos, maior porto do Brasil, fechou 2010 com 96 milhões de toneladas e 2,72 milhões de TEUs.
Atualmente, Shenzhen conta com quatro terminais de contêineres. Os primeiros a serem implantados foram Yantian (considerado o maior do mundo nesse tipo de operação), Chiwan e Shekou. Em 2003, quando essas instalações movimentavam cerca de 15 milhões deTEUs (na época, sua capacidade operacional anual era de 20 milhões de TEUs), a cidade resolveu criar uma área de expansão para o porto. O local escolhido foi a Baía Da Chan, no estuário do Rio Pérola.
O projeto, aprovado em março de 2005, engloba a criação de quatro terminais de contêineres, capazes de operar 20 milhões de toneladas por ano. Dessa forma, o empreendimento duplicaria a capacidade operacional do complexo para contêineres. Ele foi dividido em quatro fases. A construção dos primeiros dois berços dos Terminal Um foi concluída no final de 2007 e suas atividades foram iniciadas em meados de 2008.
Atualmente, o Terminal Um conta com sete berços, mas somente cinco, que ocupam um cais de 1,73 quilômetro, estão operacionais. Nessas condições, ele tem uma capacidade operacional anual de 4milhões de TEUs. No ano passado, passaram pela unidade 670 mil TEUs. Neste ano, esse total deve chegar a 870mil TEUs e, em 2014, a cerca de 2 milhões de TEUs. De acordo com técnicos da empresa, somente a partir desse ano a instalação passará a ter lucro.
Os outros três terminais da Baía Da Chan ainda não foram construídos, o que ocorrerá de acordo com a demanda da economia chinesa. Mas suas áreas jáestão determinadas. Segundo dados do Porto de Shenzhen, até 2015, a movimentação de contêineres deve atingir 28 milhões de TEUs, um aumento de 24% sobre o resultado do ano passado (22,51 milhões de TEUs).
Joint-Ventures
Tanto o Terminal Um como as demais instalações de contêineres do complexo são administradas através de joint-ventures entre o governo central e a iniciativa privada. Mas, diferentemente do que ocorre nas parcerias realizadas em outros portos do país, esses terminais não têm o estado chinês como acionista majoritário. O controle é do empresariado. O governo tem de 20% a 40% das ações. Essa participação não é obtida com a injeção de recursos no empreendimento,mas a partir da concessão da área para sua implantação. No Terminal Um, Pequim tem 35%.
“Há essa diferença em Shenzhen. Isso porque a cidade é uma das zonas especiais do país, mais abertas aos estrangeiros.Temos essa regra (de o governo não ter a maior parte das ações dos terminais) para podermos atrair mais empresas”, explicou o diretor de Administração Portuária e de Navegação da Comissão de Transporte (o equivalente a uma secretaria municipal) da Prefeitura, Dong Yanze.
Além de ter sua área de expansão planejada, o porto chinês prepara a ampliação da infraestrutura de acesso. Segundo Yanze, nos próximos dez anos estão previstos investimentos maciços, com a construção de vias expressas que vão passar por toda a região portuária e parte da cidade. Segundo Liu Song, do Departamento de Planejamento e Design da Comissão de Transporte, a prefeitura quer melhorar a utilização das áreas do município e, para isso, aposta em obras que aumentem a eficiência do sistema viário.
Fonte: A Tribuna Online/Leopoldo Figueiredo
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