As siderúrgicas aproveitaram a recente valorização do dólar em relação ao real, que encareceu e reduziu a concorrência do produto importado, para reajustar os preços dos aços planos no Brasil. De acordo com o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, dois dos três grupos siderúrgicos do mercado, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) e a ArcelorMittal, elevaram os preços entre 4% e 8% para as empresas do setor.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), segundo Loureiro, deverá anunciar reajuste de preços nos próximos dias.
"A cadeia de distribuição está tentando repassar os aumentos, mas está tendo muita dificuldade porque o preço do aço plano da CSN ainda não foi reajustado", diz o presidente do Inda.
Os grandes consumidores de aços planos são montadoras de veículos, fabricantes de autopeças, de eletrodomésticos da linha branca, de máquinas e equipamentos e empresas de construção civil.
As distribuidoras respondem por 35% da venda de aços planos produzidos no País. Seus clientes, em geral, são pequenas e médias empresas. As grandes negociam direto com as siderúrgicas.
A revisão dos contratos das grandes empresas leva em conta especificidades de cada cliente. Procuradas, as siderúrgicas informaram que não comentam sua política de preços.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, conta que empresas do setor estão recebendo novas tabelas com aumentos entre 8% e 10% nos preços do aço plano. O produto é um dos principais insumos do setor.
Com as margens já reduzidas, por causa do momento adverso enfrentado pela indústria em geral, os fabricantes de máquinas não deverão repassar integralmente o aumento para o consumidor final. "Não tem como repassar, estamos sendo invadidos pelos importados", afirma o presidente da Abimaq.
O argumento das siderúrgicas para reajustar os preços é a alta do dólar. A variação cambial estaria pressionando os custos de produção, já que os principais insumos do setor (minério de ferro e carvão) são negociados no Brasil com os mesmos preços do mercado internacional.
"O que pesou mesmo foi o resultado negativo das siderúrgicas no semestre", afirma o presidente do Inda. Segundo ele, o reajuste seria uma tentativa de melhorar os resultados na segunda metade do ano.
As margens de rentabilidade das siderúrgicas estão apertadas desde 2009, após o impacto da crise financeira mundial, que derrubou a demanda mundial e os preços do aço. De acordo com fontes do mercado, as empresas estão trabalhando no limite.
Tanto é que o aumento nos preços era esperado já há alguns meses. Só não foi anunciado antes porque as siderúrgicas não conseguiram emplacar o reajuste em meio ao cenário de queda de demanda, excesso de capacidade ociosa e ameaça dos importados. "Apesar do reajuste, a diferença de preço em relação ao importado hoje está em zero", diz Loureiro.
Fonte: Estadão / Marcelo Rehder
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